A chuva forte que atinge a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) há pelo menos 24 horas provocou alagamentos e transbordou córregos. As cidades de Belo Horizonte, Betim, Contagem, Raposos e Santa Luzia tiveram ruas e casas alagadas. Outra preocupação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) é com a segurança das barragens de rejeitos de mineração localizadas na região do Alto Rio das Velhas.
Em Raposos, o Rio das Velhas transbordou e ruas da cidade foram tomadas pela água. De acordo com a Defesa Civil, pelo menos mil famílias tiveram que deixar suas casas no município.
Veja as fotos dos alagamentos em Raposos:
Já em Contagem, moradores de comunidades próximas aos córregos Ferrugem e Arrudas foram levadas para abrigos preventivamente, durante a madrugada, devido ao risco de inundações. Estas áreas foram as mais atingidas no temporal do último domingo (19 de janeiro).
Na capital mineira, a avenida Cristiano Machado chegou a ficar fechada nos dois sentidos na altura do cruzamento da Avenida Sebastião de Brito, onde o Córrego do Onça transbordou. A Pampulha foi a área mais atingida em BH nas últimas 20 horas. Foram 162 milímetros de chuva no período.
Veja as fotos dos alagamentos em Belo Horizonte:
A Cemig (Companhia Energética do Estado de Minas Gerais) informa que vai fechar as comportas da Represa Rio de Pedras, em Acuruí, distrito de Itabirito, no Alto Rio das Velhas, para diminuir a vazão do rio e contribuir para que o Velhas não transborde.
Barragens de rejeitos de mineração
As fortes chuvas em Minas Gerais também preocupam o CBH Rio das Velhas na questão da segurança das barragens de rejeitos de mineração.
“Não podemos correr o risco que outra barragem rompa causando destruição nos nossos córregos e rios, assim como aconteceu com a barragem da Samarco, em Mariana e da Vale, em Brumadinho”, diz o presidente do CBH Rio das Velhas, Marcus Vinicius Polignano.
A Agência Nacional de Mineração (ANM) emitiu um alerta nesta quinta-feira (23 de janeiro) para que empresas donas de barragens de mineração em Minas Gerais reforcem equipes de segurança e mantenham um monitoramento diário por causa das chuvas que atingem o estado.
Ainda de acordo com a ANM, 25 barragens estão em estado de alerta em Minas Gerais. Destas, quatro estão em nível 3, quando há risco eminente de rompimento. São elas: a B3/B4, em Macacos; Forquilha I e Forquilha III, em Ouro Preto, localizadas na bacia do Rio das Velhas e a Sul Superior, em Barão de Cocais. Todas são da mineradora Vale.
“A bacia do Rio das Velhas tem pelo quatro barragens com alto risco de rompimento, o que significa dizer que se isso ocorrer, nós vamos ter o comprometimento das águas do Rio das Velhas, especialmente no ponto de captação de Bela Fama, que é onde se retira praticamente 60% da água de Belo Horizonte. Não podemos correr o risco de enterrar mais um rio em Minas Gerais”, diz Polignano.
Barragens situadas no Alto Rio das Velhas. Crédito: Léo Boi e Robson Oliveira
Os fiscais da ANM pediram que as equipes de segurança de barragens das mineradoras se mantenham em alerta das condições das estruturas até a próxima segunda-feira (27 de janeiro), especialmente em relação ao seu estado de conservação.
Além disso, será preciso manter atenção especial às tomadas d’agua dos vertedouros, para garantir a capacidade vertente de acordo com o projeto.
Um ano após o desastre de Brumadinho (MG), que deixou 270 mortos após rompimento de barragem em mina da Vale, a ANM informa que o Brasil ainda tem 41 barragens de mineração sem declaração de estabilidade e 17 sem planos de emergência nas mãos das autoridades, como prevê a lei.
Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Luiza Baggio
*Foto: Luciano de Oliveira/ Luiz Maia/Léo Boi/Robson Oliveira
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