Duas ações realizadas na manhã desta terça-feira (25) marcaram o início oficial da Semana Rio das Velhas 2019. Às 9h, no Centro Cultural da UFMG, em Belo Horizonte, o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), Marcus Vinícius Polignano, concedeu entrevista coletiva para lançar a mais nova campanha de comunicação e mobilização social da entidade. Intitulada ‘Que rio queremos? Cuidar é melhor que destruir’, seu objetivo é questionar, proteger e alertar sobre o destino que estamos dando às nossas águas, além de propor reflexões e mudanças de conduta: que deixemos de ser uma sociedade que mata rios para sermos uma sociedade que abraça e revitaliza seus corpos d’água.
Na sequência, o grupo se dirigiu à Estação Central do metrô, onde o Comitê promove, até o dia 08 de julho, uma Exposição de Fotos. A mostra apresenta, de maneira lúdica, o rio que temos, o rio que queremos e o que o CBH Rio das Velhas tem feito em ações de recuperação e preservação de áreas na bacia.
Que rio temos
Durante a coletiva de imprensa, Polignano apresentou alguns dados que preocupam o Comitê. Segundo ele, 16 municípios de um total de 51 na Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas não possuem coleta e nem tratamento de esgoto. Além disso, são 82 barragens de rejeitos instaladas na região conhecida como Alto Rio das Velhas, sendo 16 sem garantia de estabilidade – várias delas, se romperem, podem comprometer significativamente o abastecimento da capital e da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Ele também explicou que o lixão é a destinação final de resíduos sólidos que predomina na bacia – ocorre em 14 municípios (33% do total).
“É hora de repensarmos nosso modelo de sociedade. E é essa a provocação que a Semana Rio das Velhas traz: ‘que rio queremos?’. Todos nós queremos um rio, mas não um rio cheio de esgoto, cheio de minério, cheio de rejeito industrial. Nós queremos um rio com vida, com história, com biodiversidade. Está aí o desafio que a gente tem que mostrar para a sociedade: é muito melhor cuidar do que destruir”, falou Polignano.
Em relação ao saneamento, o presidente do CBH também destacou que as Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) dos Ribeirões Arrudas e Onça, que tratam cerca de 70% do esgoto de Belo Horizonte, não removem nutrientes da água, em especial nitrogênio e fósforo, que contribuem significativamente para a proliferação de aguapés e posterior acúmulo de matéria orgânica em decomposição na água. O fenômeno, conhecido como eutrofização, culmina numa queda abrupta de oxigênio na água e os peixes são os primeiros a serem afetados – daí as tão comuns mortandades observadas principalmente nas regiões do Médio e Baixo Rio das Velhas. “Esse tratamento não é mais suficiente, nós temos que fazer o tratamento terciário. Não é mais possível coletar o esgoto, fazer um tratamento parcial e jogar no rio uma quantidade de nutrientes que fazem o Velhas virar um depósito de cianobactéria”.
Veja as fotos da coletiva:
O que estamos fazendo
Ainda na ocasião, o presidente do Comitê apresentou o que a entidade tem feito com o objetivo de manter a quantidade e a qualidade das águas do Velhas. De acordo com Polignano, são mais de R$ 42 milhões investidos com a contratação de 57 projetos e estudos, o plantio de 230 mil mudas de espécies nativas na bacia, quase 80 mil metros de cercas em áreas de proteção, a construção de 3.300 barraginhas, dentre várias outras iniciativas.
“Se nós queremos água e biodiversidade, então devemos cuidar das nascentes, dos afluentes, do nosso esgoto. Nós não podemos continuar destruindo rios, como o Paraopeba e o Doce. E o Rio das Velhas já é um sobrevivente. Por aqui já passou Ciclo do Ouro, do Diamante, mais recentemente o minério, a urbanização, e ele continua tentando sobreviver, apesar de todos os impactos que sofre”, falou.
Ao final das entrevistas, ainda no Centro Cultural da UFMG, uma mesa de debate reuniu Polignano e Thereza Portes, professora e coordenadora do Instituto Undió – organização sem fins lucrativos que promove atividades artísticas a crianças e adolescentes que vivem em condições de vulnerabilidade socioeconômica. Portes trouxe uma visão mais voltada à memória afetiva das pessoas e suas relações com o rio no ambiente urbano. Também apresentou as ações que desenvolve em Minas Gerais a partir do “Laboratório Undió de Intervenções Urbanas – Nessa rua tem um rio”.
Enquanto isso, no metrô, a exposição chamava a atenção de quem passava, curioso, a observar alguns dos principais desafios para a revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas.
Veja as fotos da exposição:
Uma série de outras atividades – como seminários, oficinas, visitas técnicas e a 105ª Reunião Plenária do Comitê – também acontecerá em vários cantos da bacia como parte da Semana Rio das Velhas 2019. Saiba mais: https://bit.ly/2KPK02Q
Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Luiz Ribeiro
Fotos: Ohana Padilha
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