Integrada às ações do Projeto Hidroambiental da Unidade Territorial Estratégica (UTE Rio Paraúna), a 1ª Oficina de Educação Ambiental aconteceu na comunidade quilombola do Espinho, em Gouveia, no Médio Baixo Rio das Velhas e reuniu mais de 40 moradores do local na última quarta-feira (20) para atividades práticas e teóricas sobre manejo e conservação do solo.
Com o objetivo de conter erosões e o assoreamento na microbacia do córrego Engenho da Bília, afluente do rio Paraúna, o projeto hidroambiental é realizado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) e pelo Subcomitê Rio Paraúna, através da aplicação dos recursos da cobrança do uso da água. As intervenções incluem a construção de barraginhas, o terraceamento em curvas de nível, recomposição vegetal, cercamento de nascentes e de áreas a serem reflorestadas e ações de mobilização social nas comunidades com a realização de oficinas de educação ambiental.
Conhecimento e participação social
Com a proposta de oferecer novos conhecimentos com práticas simples e acessíveis que poderão ser aplicadas à realidade local, os temas das oficinas foram escolhidos em conjunto com os moradores durante a mini-oficina realizada no seminário de abertura do projeto hidroambiental. “No seminário inicial a gente fez uma dinâmica participativa para incentivar o pessoal a interagir com o projeto e escolherem os temas das oficinas. O primeiro foi Manejo e Conservação do Solo e ainda serão realizadas as oficinas de Uso Adequado da Água, Estradas e Resíduos Sólidos, que são problemas que eles identificaram na região”, explica o engenheiro agrônomo Rafael Alexandre Sá, da Localmaq, empresa que está executando o projeto.
Com olhar atento a todas as explicações do engenheiro, o produtor rural quilombola, Vicente Paulo de Araújo, que nasceu e mora na comunidade do Espinho, foi um dos participantes da oficina. A parte prática foi realizada em sua propriedade onde cultiva diversos alimentos, dentre eles banana, acerola, laranja, coco do Bahia, cacau e mandioca. Na demonstração, os técnicos orientaram os participantes sobre como é feito o terraceamento em áreas degradadas.
Vicente coloca em prática no campo as orientações que recebeu na oficina. Crédito: Michelle Parron
O morador reclama que, de uns anos para cá, a oferta de água da região tem reduzido. “A água aqui diminuiu muito. Meu pai plantava feijão antigamente aqui e agora tem três anos que eu to tentando plantar e não vai porque a água secou. E não só aqui, como em todo sertão também. Eu conheço um ‘bocado’ de lugar que secou. Se não preservar, amanhã ou depois a gente vai ficar sem água”.
Apaixonado pelo lugar onde vive, aos 72 anos Vicente diz que não se cansa de aprender. “Eu gosto de participar de tudo e o que eu aprendo eu faço e ensino. Tem que prestar atenção e dar valor nas coisas, porque favorece a gente mesmo. Para mim isso é como ganhar dez mil reais e eu agradeço muito. Sem água a gente não é nada. Sem água eu nem podia morar aqui”.
Veja as fotos do dia de trabalho:
UTE Rio Paraúna
Localizada no Médio Baixo Rio das Velhas, a Unidade Territorial Estratégica (UTE) Rio Paraúna é composta pelos municípios de Conceição do Mato Dentro, Congonhas do Norte, Datas, Gouveia, Monjolos, Presidente Juscelino, Presidente Kubitschek, Santana de Pirapama e Santo Hipólito. A Unidade ocupa uma área de 2.337,61km² e detém uma população de 22.908 habitantes.
A UTE tem uma grande riqueza de cursos d’água com uma alta densidade de drenagens de tributários e tem como principal rio o Paraúna, com seus 150,23 quilômetros de extensão. Além disso, o Rio Paraúna é considerado um dos mais importantes afluentes do Rio das Velhas em sua margem direita e é crucial na depuração de suas águas, devido aos bons índices de qualidade verificados periodicamente, de acordo com o monitoramento anual apresentado pelo IGAM.
Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Michelle Parron
Fotos: Michelle Parron
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