O projeto de “Biomonitoramento da ictiofauna e monitoramento ambiental participativo na Bacia do Rio das Velhas” foi apresentado na Plenária, realizada no dia 18 de fevereiro, no auditório da Copasa, pelo biólogo, mestre em Ecologia, Conservação e Manejo de Vida Silvestre que é um dos responsáveis pela execução do projeto, Carlos Bernardo Mascarenhas Alves.
A Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), por meio da Agência Peixe Vivo, firmou com o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas um contrato de prestação de serviço para a realização do Biomonitoramento da Ictiofauna e Monitoramento Ambiental Participativo na Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, em conformidade com o Ato Convocatório nº 005/2014.
O projeto tem como objetivo realizar coletas e monitoramento da ocorrência e distribuição da fauna de peixes do Rio das Velhas e de seus principais tributários; implantar um sistema de monitoramento ambiental participativo (MAP) que permita acompanhar as mudanças das qualidades da água e avaliar as possíveis causas de mortandade dos peixes na bacia do Rio das Velhas. O projeto é financiado pelos recursos advindos da cobrança pelo uso de recursos hídricos.
São realizadas amostragens quantitativas e qualitativas, em 7 estações ao longo da bacia do Rio das Velhas. São elas: São Bartolomeu, Rio Acima, Lagoa Santa, Curvelo, Corinto, Lassance e Barra do Guaicuí, além de amostragens em duas estações de seca do ciclo hidrológico.
Carlos Bernardo Mascarenhas Alves apresentando o projeto de biomonitoramento na Plenária (Crédito: Tanto Expresso – Ohana Padilha)
Resultados
Carlos Bernardo Mascarenhas Alves apresentou na Plenária que os resultados das coletas mostram informações coerentes com o esperado, com o pH variando próximo à faixa do neutro, mais ácido no rio Cipó, em decorrência da decomposição de folhas depositadas no leito do rio, o que confere coloração escura característica. Já o pH no rio da Onça, que drena área com características cársticas é mais básico.
Os maiores valores de condutividade elétrica foram observados nos pontos com maior influência antrópica, notadamente nos Rios Jequitibá e Ribeirão da Mata. Nesse último, também foi verificado o menor valor de oxigênio dissolvido (OD), pelas mesmas razões. Os demais apresentam valores compatíveis com a manutenção da comunidade de peixes. Os valores de temperatura variaram pouco (~3ºC) e são decorrência da temperatura ambiente local, posição na bacia (trechos baixos ou de cabeceiras) e ainda da composição do leito, nos quais os trechos mas pedregosos tendem a manter valores mais baixos.
Para as coletas de isótopos estáveis, foram amostrados os vários “compartimentos” do ambiente e espécies de peixes e vegetais. Foram coletadas amostras de, pelo menos, 31 espécies. Os pontos nos rios
Cipó (CP-01), Pardo Grande e Curimataí foram os que apresentaram maior número
de registros para esse fim, ou seja, mais de 11 espécies cada. Os peixes com a mais ampla distribuição, que ocorrem em maior número de pontos de amostragem, foram uma espécie de lambari (Astyanax taeniatus), duas de piabas (Lepidocharax burnsi e Piabina argentea), o trairão (Hoplias intermedius), o saguiru (Steindachnerina elegans) e os cascudos (Hypostomus spp.), aqui identificados somente ao nível de gênero e que será devidamente corrigido em laboratório. Todos esses ocorreram em pelo menos 7 dos 11 pontos de coleta amostrados.
Oficinas de bacia
O projeto realizou para os Subcomitês e comunidades escolares 10 oficinas sobre Bacia Hidrográfica como Instrumento Pedagógico e Biomonitoramento, com ênfase em monitoramentos participativos de qualidade de água e capacitação de professores, com duração de 8hs e de de estudantes, com duração de 4hs, em escolas selecionadas.
As oficinas ocorreram nas sub-bacias do Ribeirão da Mata, Ribeirão Arrudas, Ribeirão Onça, Rio Itabirito, e Caeté/Sabará.
Oficina de bacia realizada em Itabirito em 2015 (Crédito: Tanto Expresso – Ohana Padilha)
Efetivação do “Amigos do Rio”
Os “Amigos do Rio” capacitados formarão uma rede de informações ao longo da bacia, por meio de contato telefônico, preenchimento de fichas, comunicação de urgências e utilização do “Manual de Orientação para procedimentos durante o Atendimento à Emergência Ambiental envolvendo Mortandade de Peixes” proposto pelo Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais.
O “Amigos do Rio”representa para a Bacia do Rio das Velhas mais um movimento de mobilização, de incorporação do cidadão ao ambiente que ele vive e mudança de mentalidade.
Levantamento de informações com os Amigos do Rio/ Adesão da população ribeirinha ao Projeto é fundamental para o monitoramento do Rio das Velhas.
Mais informações e fotos em alta resolução:
Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas
comunicacao@cbhvelhas.org.br
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