A localidade de Acuruí, em Itabirito, foi o ponto de chegada desse primeiro dia de navegação da Expedição ‘Rio das Velhas, te quero vivo’, uma realização do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) e Projeto Manuelzão. A caravana, que percorrerá o rio a bordo de caiaques desde a nascente, em Ouro Preto, até a cidade de Santa Luzia, tem como objetivo conhecer a realidade atual do Alto Rio das Velhas e mobilizar a sociedade para a imprescindível revitalização de toda a Bacia Hidrográfica.
Nessa segunda-feira (29 de maio), a expedição partiu de São Bartolomeu, em Ouro Preto, e percorreu uma extensão de 25km, passando por uma região de áreas protegidas, até o distrito de Acuruí, em Itabirito. Ronald Guerra, que é coordenador-geral do Subcomitê de Bacia Hidrográfica Nascentes (SCBH Nascentes) e um dos canoístas do projeto, destacou as diferenças observadas entre as expedições passadas, ocorridas em 2003 e 2009. “O que avançou foi que em São Bartolomeu já se tem tratamento de esgoto. Por outro lado, a gente observou claramente que nesse trecho de rio há pouquíssima mata ciliar. É necessário um programa mais efetivo de recuperação dessas áreas para proteger a calha do rio”, disse.
Ronald comentou também que a pouca disponibilidade de água nesse trecho tem comprometido, inclusive, a navegação da equipe de canoístas. “Estamos passando pelo quarto ano consecutivo de pouca chuva e essa escassez hídrica compromete a navegação também. Como o rio está muito raso, os caiaques arrastam no fundo a todo momento, o que acaba atrasando a navegação mais do que o esperado”, concluiu.
Confira as fotos deste primeiro dia de navegação da Expedição:
Antes mesmo da chegada da equipe em Acuruí, diversas ações de mobilização social e educação ambiental já aconteciam no distrito. A professora Jussara Lima, da Escola Municipal de Acuruí, levou seus alunos à praça da cidade para receber os canoístas e aprender um pouco mais sobre a história do Rio das Velhas. “As crianças ficaram encantadas com o projeto. E, a bem verdade, a gente também. Por mais que o rio passe pela nossa região, a gente acaba aprendendo muita coisa que não sabia”, disse.
Ao final do dia, os canoístas se reuniram na praça do distrito para um bate papo com os moradores a respeito do que puderam observar nesses 25km de remada. Odilon Lima, morador de Acuruí e um dos conselheiros do SCBH Rio Itabirito, enalteceu a importância da Expedição para a localidade. “O projeto traz muita coisa de importante, mas eu destaco a educação. As crianças que estavam aqui com certeza puderam aprender mais sobre os peixes, sobre as águas, e carregarão isso para sempre”, disse.
Nessa terça-feira (30 de maio), a Expedição parte para Itabirito.
Represa Rio de Pedras e o problema do assoreamento
No início do século passado, para fornecer energia para a nova capital mineira, foi construída em Acuruí a Hidrelétrica Rio de Pedras em uma importante cachoeira do Rio das Velhas. Durante muitos anos, Belo Horizonte foi iluminada por essa hidrelétrica, porém a exploração irracional das terras na região, principalmente a extração de areia, assoreou o leito do lago. Com isso, o que antes chegava a dezenas de metros de profundidade em alguns pontos, hoje não passa de um espelho d’água com pouco mais de 1 metro de fundura.
Qualidade das águas do trecho percorrido
O Índice de Qualidade das Águas (IQA) é um indicador utilizado para avaliar a qualidade da água bruta, visando seu uso para o abastecimento público, após tratamento. Os parâmetros utilizados no cálculo do IQA são em sua maioria indicadores de contaminação causada pelo lançamento de esgotos domésticos.
Por se tratar das primeiras águas do Rio das Velhas, o trecho é considerado como Classe 1, conforme enquadramento de classe DN COPAM 97, sendo recomendado, para fins de abastecimento de consumo humano, apenas um tratamento simplificado: filtração, desinfecção e correção de pH, quando necessário.
Equipe de Expedicionários
Os canoístas que terão a missão de percorrer o Rio das Velhas em quase 150km entre Ouro Preto e Santa Luzia formam uma verdadeira equipe multidisciplinar. São eles: Erick Sangiorgi, mobilizador social do projeto Manuelzão; Rodrigo de Angelis, coordenador de Comunicação do CBH Rio das Velhas; Ronald Guerra, coordenador-geral do Subcomitê de Bacia Hidrográfica Nascentes (SCBH Nascentes); Rafael Gonçalves, vereador de Raposos e voluntário pelo SCBH Águas do Gandarela; Leandro Duraes, engenheiro ambiental voluntário do Projeto Manuelzão; e Elias Nogueira, estudante de engenharia mecânica e voluntário do CBH Rio das Velhas.
Jornada percorrerá oito municípios
A Expedição ‘Rio das Velhas, te quero vivo’ acontece entre os dias 28 de maio e 04 de junho e passará pelos municípios de Ouro Preto, Itabirito, Rio Acima, Nova Lima, Raposos, Sabará, Santa Luzia e Belo Horizonte. A iniciativa tem o objetivo de demonstrar que a situação da qualidade e quantidade das águas está cada vez mais ameaçada por ações antrópicas, advindas da ocupação desordenada, da mineração e outras atividades que colocam em risco a segurança hídrica da capital, bem como a vitalidade do Rio das Velhas.
O trecho de abrangência da ação está inserido em uma região que é caraterizada por ser uma zona de recarga fluvial fundamental para o abastecimento de Belo Horizonte e abriga significativos aquíferos que contribuem diretamente para a manutenção do ciclo hídrico da região. Junto à Expedição, profissionais da Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG farão coletas e avaliação de parâmetros de qualidade da água em pontos estratégicos do trajeto. O objetivo é elaborar um diagnóstico do Alto da Bacia do Rio das Velhas.
A Expedição ‘Rio das Velhas, te quero vivo’ é uma realização do CBH Rio das Velhas e do Projeto Manuelzão com a parceria da Agência Peixe Vivo, Copasa e apoio das prefeituras municipais de Ouro Preto, Itabirito, Rio Acima, Raposos, Nova Lima, Sabará, Santa Luzia e Belo Horizonte.
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Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas
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