Em 13 de outubro de 2014, o Parque Nacional da Serra do Gandarela foi criado com o objetivo de garantir a preservação do patrimônio biológico, geológico, espeleológico e hidrológico desta importante região situada na porção meridional da Serra do Espinhaço, especificamente no Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais.

Quatro anos depois, uma vasta programação de atividades realizadas na cidade de Raposos, neste último sábado (13), celebrou a data buscando visibilizar a importância da unidade de conservação e aproximar a população à gestão do Parque. “Esta foi a primeira vez em que tivemos estrutura para fazer um evento desse tipo. Trata-se de uma celebração associada a uma divulgação, sensibilização e integração com a sociedade, e justo na cidade que tem uma importância histórica no movimento pela criação da unidade”, afirmou o Chefe do Parque Nacional da Serra do Gandarela, Tarcisio Nunes, que também é membro do Subcomitê Águas do Gandarela, vinculado ao Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas).

Além de Raposos, o Parque compreende os municípios de Caeté, Santa Bárbara, Mariana, Ouro Preto, Itabirito, Rio Acima e Nova Lima, em uma área total de 31.270,83 hectares. A escolha por Raposos para sediar o evento se deve a diversos fatores, segundo conta Nunes. O primeiro em função da contribuição espacial que o município aporta para o Parque, já que cerca de 45% de sua área está inserida na unidade de conservação. Raposos também abriga paisagens de grande beleza cênica, como a bacia do Ribeirão do Prata, o Poço Azul, Poço das Moças e a Cachoeira Santo Antônio – esta última na divisa com Caeté.

Um elemento importante para esse diálogo e inserção no município são os espaços de organização social existentes no território, como a ONG (Organização Não Governamental) Casa de Gentil – Culturas e Convívio, que também participa do Subcomitê Águas do Gandarela e do Conselho Consultivo do Parque. “O fortalecimento e consolidação do Parque, enquanto patrimônio natural e bem público, passa pelo conhecimento e reconhecimento desse território pelos moradores do entorno e pelas cidades nas quais a unidade está inserida. Dessa maneira, a atuação de diversas instituições presentes nestes territórios, como a Casa de Gentil, permite a divulgação do Parque e sua importância, bem como a busca por iniciativas que gerem retorno às comunidades e que são significativas ao fortalecimento do Parque do Gandarela”, afirmou Felipe Cabral, coordenador do Subcomitê Águas do Gandarela e representante da ONG.

Ex-coordenador do Subcomitê e também integrante tanto da Casa de Gentil, quanto da Associação dos Catadores de Material Reciclável de Raposos (ASCAR), Glauco Gonçalves Dias destacou que a ligação das entidades locais junto ao Parque Nacional é tanta que, em consonância com o Plano Diretor da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, que considera a região de Raposos e Rio Acima prioritárias para preservação, o projeto hidroambiental proposto pelo Subcomitê ao CBH Rio das Velhas prevê a estruturação das entradas da unidade de conservação. “A ideia é criarmos mecanismos para que o uso já consolidado desses potenciais ecoturísticos seja feito de maneira consciente e que eles contribuam para a preservação desse nosso território”, disse.

Ele enfatizou ainda a carta de intenção que a Prefeitura de Raposos oficializou no último sábado, durante o evento, para implementação da primeira portaria do Parque Nacional na cidade. “Esse quarto aniversário é uma prova que, quando atuamos e dialogamos com os diferentes entes da bacia de maneira organizada, a gente consegue criar mecanismos de preservação e de ampliação desse cuidado com a água”, falou.

Da dir. p/ esq.: Tarcisio Nunes. Glauco Gonçalves Dias. Felipe Cabral. 

O evento deste sábado teve início com concentração na Praça da Igreja Matriz e deslocamento por cortejo até o Poço da Barragem, no Parque Municipal do Ribeirão do Prata. Houve ainda momento de diálogo com a população sobre o Parque, doação de mudas nativas, exposição de instrumentos e técnicas de combate aos incêndios florestais, mostra de plantas úteis e medicinais do Parque e entorno, pintura de mural com mapa da unidade, além de oficinas diversas.

Confira as fotos do evento:

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Contextualização da unidade

O Parque Nacional da Serra do Gandarela foi criado pelo Decreto de 13 de outubro de 2014, com o objetivo de “garantir a preservação de amostras do patrimônio biológico, geológico, espeleológico e hidrológico associado às formações de canga do Quadrilátero Ferrífero, incluindo os campos rupestres e os remanescentes de floresta semi-decidual, as áreas de recarga de aquíferos e o conjunto cênico constituído por serras, platôs, vegetação natural, rios e cachoeiras”.

Por se tratar de uma Unidade de Conservação criada recentemente, o Parque ainda não possui Plano de Manejo e Zona de Amortecimento formalmente estabelecida. “Trata-se do nosso principal objetivo para este quinto ano de atuação que vem pela frente, assim como a estruturação do turismo e a implantação da Trilha de Longo Percurso [TransEspinhaço, entre Ouro Preto e Diamantina, e que passará pelo Parque]”, contou o Chefe da unidade, Tarcisio Nunes.

Um dos principais alvos da conservação do Parque são os remanescentes de “cangas”, tipo de formação de aspecto semelhante a uma carapaça rígida e porosa, que abriga vegetação singular, adaptada a altíssimos teores de metais e que contém porcentagens excepcionalmente altas de espécies endêmicas e raras. Além disso, as cangas favorecem a formação de tipo peculiar de cavernas, que abrigam fauna troglomórfica inteiramente diversa da encontrada em cavernas de outros tipos de rochas. Ademais, as cangas são áreas de recarga de aquíferos de extrema eficiência, necessárias à garantia de abastecimento seguro de água, em quantidade e qualidade, para os municípios que compõem o Parque e também da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

O Parque Nacional do Gandarela está totalmente inserido no Bioma Mata Atlântica. No entanto, localmente trata-se de um ecótone entre Cerrado e Mata Atlântica. Desta forma, o Parque é marcado pela heterogeneidade de paisagens, variações da topografia, litologia, solos, clima e altitude.

Este mosaico vegetacional assume um valor ecológico muito alto para a manutenção da fauna da região. Serve de abrigo, local de reprodução e alimentação de vários grupos como aves, mamíferos e anfíbios. No Parque ocorrem matas de galeria, capões de altitude, brejos, campo cerrado, cerrado sensu strictu, campos rupestres quartzíticos e ferruginosos (campos rupestres sobre canga) e floresta estacional semidecidual (a segunda maior mancha de remanescentes de Mata Atlântica no Estado de Minas Gerais), sendo que a maior parte destas se encontra nos estágios médio e avançado de regeneração.

Veja as fotos da Serra do Gandarela:

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Mais informações:

Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas
comunicacao@cbhvelhas.org.br

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