Foi realizado entre os dias 8 e 12 de abril, em Sete Lagoas, no Médio Rio das Velhas, o Programa Produtor de Água. Trata-se de uma promoção da Agência Nacional de Águas (ANA), que tem como objetivo incentivar o produtor rural a investir em ações que ajudem a preservar a água. Com a presença de técnicos e cerca de 40 profissionais, estudantes e professores de diversas partes de Minas Gerais e também de Brasília, a experiência de sucesso – que já saiu do papel em Sete Lagoas – deixou animados os participantes.

O Programa usa o conceito de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), que estimula os produtores a investirem no cuidado com as águas, recebendo apoio técnico e financeiro para implementação de práticas conservacionistas. Com a participação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) e Emater-MG (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural), a visita de campo foi realizado na Área de Proteção Permanente do Ribeirão Paiol, em Sete Lagoas.

O carro chefe no município são as intervenções promovidas pela Emater-MG, com convênio com a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) e Governos Federal e Estadual, que viabilizaram 600 bacias de captação de água de enxurradas, 150 km de terraços, cercamento de 30 nascentes e plantio de mata ciliar e de topo em 20 km da bacia do córrego Paiol. Neste projeto os produtores rurais participam ativamente, indicando os locais onde correm as enxurradas e aprendendo a construir as bacias. “No Cerrado, o objetivo principal é controlar a erosão causada pelas enxurradas. Como efeitos colaterais temos o umedecimento das baixadas, que favorece as lavouras, e a revitalização dos cursos d’água a partir da recarga do lençol freático através destas bacias de captação”, explica o engenheiro-agrônomo Luciano Cordoval, coordenador do projeto.

Além disso, a tecnologia também ajuda a aproveitar de forma eficiente as chuvas irregulares e intensas. “Com o aumento da disponibilidade de água nas propriedades, tornou-se possível construir e abastecer pequenos lagos lonados, os chamados lagos de múltiplo uso, que podem ser utilizados como criatórios de peixes, reservatórios para irrigação ou abastecimento”, completa o engenheiro.

A técnica das barraginhas ajuda a aproveitar de forma eficiente as chuvas irregulares e intensas. Crédito: Celso Martinelli

A realidade da família e também da região do Paiol, onde reside o produtor rural João Roberto Moreira, o Betinho da Serra, transformou. “A partir da construção de barraginhas, há 20 anos, nossa terra se tornou fértil e os cursos de água dos nossos córregos nunca mais secaram. Estamos há 20 anos sem problema hídrico por aqui. Com a água em abundância, que brota da nascente, hoje consigo abastecer minha residência, dar o que beber para o gado e até mesmo criar peixes nos poços que abrimos”, conta o entusiasmado Betinho.

Suporte para o sucesso do programa

Da região do Paiol, o grupo seguiu para o município de Funilândia, onde a experiência de Produção de Água também está sendo executada em extensa propriedade rural às margens da estrada. São 400 barraginhas que estão sendo abertas. Tarcísio Coimbra, Coordenador Regional do Meio Ambiente da Emater local, explica que Funilândia recebe pela segunda vez recursos para execução do projeto. “O primeiro foi realizado na bacia do Córrego Saco da Vida e agora está sendo feito na bacia do Córrego Pau de Cheiro. É um projeto de extrema importância para o município devido à escassez hídrica. São cinco anos consecutivos de muita seca e ações são importantes para reverter essa.

Precisamos promover a revitalização dessas sub-bacias através da nossa Regional, cujo foco principal é o a bacia do São Francisco. A Emater dá todo o suporte para que isso se torne realidade”, explica Coimbra.

Veja as fotos da visita:

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A secretária de Meio Ambiente de Jequitibá e secretária-adjunta do CBH Rio das Velhas, Poliana Valgas, ressalta a importância do curso Produção de Água para a região. “Estamos vendo na prática tudo que foi apresentado na sala de aula durante o curso. É importante conhecer de perto todas as técnicas aqui utilizadas que culminaram com a recarga do Ribeirão Paiol e da bacia como um todo, com a construção de barraginhas e terraços para reter o escoamento superficial. Atualmente, Sete Lagoas tem um projeto aprovado de Produtor de Água e recursos federais para iniciar a mobilização junto aos produtores rurais interessados”, conta Valgas.

Para Alvânio Júnior, conselheiro do Subcomitê Ribeirão Jequitibá e membro da Câmara Técnica de Planejamento, Projetos e Controle (CTPC), a construção de 400 barraginhas vai impactar positivamente a Bacia de Pau de Cheiro, zona rural de Funilândia. “O trabalho executado nos locais corretos, em áreas de recarga, influencia diretamente os cursos d’água. Já temos resultados na parte de baixo da bacia, há volume e qualidade de água nas nascentes”, afirma.

Luis Augusto Preto, especialista em recursos hídricos da ANA, volta para Brasília satisfeito com o que viu. “É gratificante ver estas obras sendo implantadas. O que traz cada vez mais a certeza do sucesso do Programa Produtor de Água. São obras que credenciam as propriedades que as implantam sejam candidatos a prestadores de serviços ambientais. Quem presta um serviço ambiental recebe financeiramente por este serviço. Além do ganho econômico da sua produção, o produtor também melhora a quantidade e a qualidade da água da região, beneficiando a todos”, conclui Preto.

 

Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Celso Martinelli
Fotos: Celso Martinelli

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