Desde 2011, a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Curvelo está em operação e trata cerca de 90% do esgoto que é produzido pela população, com vazão de 100 litros/segundo. Mesmo com esse número considerado satisfatório, o esgotamento sanitário na cidade há alguns anos tornou-se motivo de preocupações por parte da população curvelana. Isso porque o Córrego Santo Antônio, onde o efluente gerado é despejado, tem registrado vazões significativamente baixas, não conseguindo diluir o que é liberado da ETE.

Mas esse cenário parece estar mudando. Detentora da concessão para operação no município, a Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) tem promovido readequações sistemáticas no efluente que é gerado, contribuindo para a recuperação do manancial do Santo Antônio.

De acordo com o gerente do Distrito Regional da Copasa, Daniel Lima Aguiar, foi preciso que a companhia fizesse mais do que simplesmente previa a legislação. “A ETE sempre cumpriu todas as exigências previstas pela legislação ambiental, mas, com essa crise [crise hídrica de 2014], percebemos a necessidade de melhorar ainda mais a eficiência do tratamento, removendo maior quantidade de nutrientes e, desta forma, galgamos resultados eficientes que atendem também a sociedade, além das normativas ambientais”.

A partir de pesquisas realizadas pela Copasa, foram desenvolvidas tecnologias que incorporam o tratamento físico-químico de efluentes, que visa a remoção dos poluentes que não podem ser extirpados por processos biológicos convencionais. Com a adição de coagulante também é promovida a clarificação desse efluente. “Desta forma contribuímos para a recuperação do manancial, que depende na maior parte da regularidade das chuvas”, ressalta o gerente do Distrito Regional da Copasa, Daniel Lima Aguiar.

Foram desenvolvidas tecnologias que incorporam o tratamento físico-químico de efluentes. Crédito: Celso Martinelli

As pesquisas tiveram início em 2017. O projeto piloto foi implantado em 2018 na cidade de Três Marias (que tem vazão de 40 litros/segundo e eficiência semelhante no tratamento do afluente). Em Curvelo, a mesma tecnologia foi implantada no final de 2018. Em 2019, as ETE´s de Corinto, Buenópolis e Turmalina já estão trabalhando com a tecnologia. “Professores do curso de Engenharia do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais – CEFET estão interessados na análise dos impactos dessa forma de tratamento. Essa aproximação é ótima e atende os anseios da comunidade.”, revela Daniel Aguiar.

O técnico em tratamento de esgoto da Copasa, Christian Fabiano de Sá Rodrigues, detalhou o projeto. “A grande novidade é a inclusão no tratamento de polímeros orgânicos, um coagulante natural. Trata-se de uma pesquisa que está sendo desenvolvida a partir da Moringa Oleífera (mamona). Ela substituirá ou agirá em conjunto com o sulfato de alumínio. É um tratamento sustentável sem impacto algum ao meio ambiente. O trabalho deverá ser concluído até o final deste ano”, anuncia Christian.

Para o combate ao odor foi testado produto que controla o PH. Trata-se do Inibiodor, adquirido de uma empresa próxima ao município de Caetanópolis. “Controlando o PH, deixando ele mais alcalino, é possível diminuir o gás sulfídrico, que é o que provoca odor em sistemas sanitários em geral. Estamos tendo sucesso. Ainda há o que aperfeiçoar, mas já reduziu em torno de 90% este odor, foco de reclamação dos moradores em alguns bairros”, considera, ainda, o gerente do Distrito Regional da Copasa, Daniel Aguiar.

A abertura de loteamentos, condomínios e residências – de forma até desenfreada – próxima à estação de tratamento foi lembrada pelo técnico em tratamento de esgoto da Copasa, Christian Fabiano de Sá Rodrigues. “Quando da construção da ETE, não havia qualquer imóvel por perto, a população não estava tão próxima. Mas hoje está e temos que conviver com isso, buscando minimizar os impactos. Além do tratamento do esgoto em si, desenvolvemos o Projeto Pró-mananciais, que inclui recuperação de nascentes, construção e recuperação de barraginhas, criação de cinturões verdes, investimento em matas ciliares e tudo que envolve a preservação da bacia”, conclui Christian.

O técnico considera, ainda, que esgoto não é lixo. “Também é preciso maior conscientização por parte da população, no sentido de dar a destinação correta do esgoto domiciliar. Infelizmente pessoas jogam óleo, gordura, panos, preservativos e animais mortos, dentre outros, na rede. Isso só encarece o tratamento e interfere no efluente que é gerado após o tratamento”, finaliza.

ETE Curvelo evolui e aperfeiçoa tratamento de efluente que é lançado no Córrego Santo Antônio, em Curvelo. Crédito: Celso Martinelli

 

Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Celso Martinelli
*Fotos: Celso Martinelli

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