O rio que temos – e o rio que queremos – pelas lentes do fotógrafo raposense Robson Oliveira
Margeado por um Rio das Velhas já minguado, depois da retirada da água que abastece grande parte da Região Metropolitana de Belo Horizonte, o município de Raposos se insere no que é chamado de trecho de vazão reduzida – logo a jusante da Estação de Bela Fama, da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais). Só depois das contribuições dos Ribeirões Arrudas e Onça, ainda que poluídos, é que o Velhas se torna robusto em quantidade novamente.
A referência em qualidade de água na região de Raposos é o Ribeirão da Prata – atualmente considerado até como opção de captação para abastecer a Grande BH, diante das ameaças das barragens de rejeito no entorno do Rio das Velhas. É da Serra do Gandarela que descem suas águas, região hoje protegida após enorme pressão popular pela constituição de um Parque Nacional.
A população raposense também se orgulha de contar com uma legislação que proíbe, desde 2016, a instalação e operação de barragens de rejeitos de mineração no município – marco que também contou com amplo apelo dos moradores e articulações no Subcomitê Águas do Gandarela, vinculado ao Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas).
Os textos e poesias que acompanham as fotos são comentários de moradores da Bacia do Rio das Velhas, feitos de forma espontânea nas redes sociais do Comitê.
É nesse território que despontou o fotógrafo Robson Oliveira. Foi registrando as belezas dessa região, sempre ameaçada pelos empreendimentos e pela expansão urbana, que o raposense de nascença se desenvolveu no ofício da fotografia. “Comecei com alguns trabalhos autorais, principalmente relacionados às causas ambientais, registrando as belezas da Serra do Gandarela. Minha motivação veio das ameaças constantes causadas pela ação do homem. Procuro registrar mais belezas do que tragédias – claro que faço ambas, pois é necessário sensibilizar as pessoas. Mas acredito que com fotos de lugares ainda preservados, das nossas águas ainda limpas, nossas serras, fauna e flora, as pessoas são mais receptivas, param para observar e se tocam no quão é importante a preservação”, comenta Robson.
Com sua fotografia ativista, ele espera chegar a pessoas e territórios cada vez mais distantes. “A natureza é minha paixão, onde reconheço a nossa existência como humanos, somos parte dela, fazemos parte desse sistema. Muita gente não conhece ou tem acesso a esses lugares e, com minha fotografia, consigo levar até elas”.
São justamente os registros de Robson de Oliveira – sobre o rio que temos e o rio que queremos na bacia – que ilustram a sessão Olhares dessa Revista Rio das Velhas. Fotos que indicam as muitas belezas que ainda temos nesse território, assim como os vários desafios em recuperação e revitalização que temos pela frente. “Falta mesmo é prioridade, saber que dependemos inevitavelmente da água e que, para isso, é preciso preservar todo o sistema da natureza. Para um rio limpo precisamos principalmente dos interesses de toda sociedade, começando pelos nossos governantes, instituições, sociedade e cada pessoa fazendo sua parte”, conclui Robson.
Leia a versão digital da Revista Rio das Velhas:
Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Luiz Ribeiro
*Fotos: Robson Oliveira
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