Obras para resolução do problema começarão entre março e abril de 2020. Enquanto isso PBH gasta com remoção de resíduos e moradores acumulam prejuízos.

Após manhã e tarde de intenso calor no primeiro dia do ano de 2020 – os termômetros chegaram a registrar acima da máxima 30ºC em algumas regiões da capital -, um temporal de grandes proporções atingiu Belo Horizonte por volta das 20h. A Defesa Civil emitiu alerta de inundação para a Pampulha e risco de transbordamento para as Avenidas Tereza Cristina e Vilarinho, as quais tiveram o trânsito bloqueado perto das 23h e só voltaram a ser liberadas próximo às 2h da madrugada.

Ainda, segundo a Defesa Civil, o índice pluviométrico de janeiro é de 329,1 mm, o que seria dizer que os belo-horizontinos podem aguardar, distribuídos por todo o mês e toda cidade, 32 centímetros de água por área de um metro quadrado.

Em Venda Nova, no feriado de Ano Novo (Dia da Fraternidade Universal), entre as 20h e 7h do dia seguinte, foram despejados 117 mm acumulados de chuva — 35,6% do esperado para o mês. A Regional foi a mais atingidas pelo temporal, junto com as regiões Noroeste e Pampulha, que também apresentaram um terço da água aguardada para janeiro.


Fonte: Defesa Civil

Logo cedo, comerciantes próximos à Estação de Metrô Vilarinho contabilizavam os prejuízos. A poeira deixada pela lama seca no asfalto também incomodou transeuntes. A Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) atua, desde as 8h, com uma força tarefa de 80 profissionais, dez caminhões basculantes, um caminhão hidrojateador, uma retroescavadeira e cinco caminhões-pipa para limpeza das bocas de lobo e bueiros.

“A previsão é que sejam removidas da avenida cerca de 60 toneladas de resíduos, em sua maioria lama. Se houver necessidade, a SLU fará uma operação ‘Rescaldo’ logo nas primeiras horas desta sexta-feira”, conforme a assessoria de imprensa da superintendência”.

Problema antigo e soluções adiadas

Em dezembro de 2018, após outro forte temporal que atingiu a cidade e, principalmente, a Regional Venda Nova – vitimando quatro pessoas (uma jovem, uma mãe e filha pequena e um senhor), o prefeito Alexandre Kalil compareceu em visita técnica à Avenida Vilarinho e assumiu a culpa, na figura da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), pelas mortes causadas pela chuva.

Semanas depois, já em 2019, foi apresentado um projeto para melhoria da vazão das águas do Córrego Vilarinho, Nado e adjacentes pela construção de túneis orçados em R$ 300 milhões. O Comitê da Bacia Hidrográfica Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), com respaldos do Conselho de Venda Nova e movimento “Eu Vilarinho”, criticou a obra e a classificou como “faraônica”, apresentando em coletivas os motivos pelos quais a PBH estaria errando em dar continuidade ao projeto.

Vários meses depois, a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) e a PBH organizaram uma entrevista coletiva e assumiram o erro no projeto.

“Perdemos nove meses do nosso cronograma, mas não vamos insistir em algo que vimos que não estava bom. É melhor reconhecer que houve erros. Ter essa humildade”, afirmou o secretário de Obras e Infraestrutura da PBH, Josué Valadão.

“Novo projeto” e medidas paliativas que não inibem os prejuízos

Ainda na coletiva, a Sudecap apresentou um “novo projeto”, que foi demonstrado apenas com imagens de obras já feitas no Rio de Janeiro e São Paulo. Eles buscariam, agora, construir 12 reservatórios subterrâneos de água ao longo dos córregos Vilarinho (Avenida Vilarinho) e Nado (Rua Doutor Álvaro Camargo), com capacidade entre 65 e 105 mil metros cúbicos de volume.

Conforme Valadão, as obras começariam entre março e abril de 2020. O prazo para conclusão dessa primeira etapa de proteção à Venda Nova será de dois anos.

Além disso, segundo Henrique Castilho, superintendente de Desenvolvimento da Capital, não aconteceria o processo comum de licitação, o que daria agilidade ao empreendimento.

“O objetivo nosso é ver se a gente consegue contratar a execução da obra direto, sem licitação. Teria concorrência, ainda assim. A urgência da obra nos obriga a fazê-la o mais rápido possível”, explica Henrique Castilho.

Não seria aberta a concorrência pública para que empresas participassem da etapa licitatória da obra. Em vez disso, um comitê técnico da PBH, Sudecap e Ministério Público e Tribunal de Justiça estaduais seriam responsáveis pela contratação via modalidade RDC Integrada (Regime Diferenciado de Contratações Públicas), conforme resposta dada pela assessoria para o Jornal Norte Live.

Enquanto isso, Venda Nova convive com os paliativos executados em momento de chuvas intensas. A Defesa Civil, juntamente com a Polícia Militar de Minas Gerais, Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais e Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), emite o alerta e faz operações para o fechamento do trânsito na Avenida Vilarinho, o qual somente é liberado após o perigo de transbordamento ter passado.

Primeiros passos para que as obras aconteçam

No início de outubro de 2019, o prefeito Alexandre Kalil decretou a desapropriação de dois lotes/imóveis em Venda Nova, um na Avenida Vilarinho e outro da Rua Doutor Álvaro Camargos. A medida foi o primeiro passo para que a Regional comece as obras do “novo projeto” apresentado pela Sudecap. Veja abaixo os locais desapropriados.


Área mencionada pela PBH na Avenida Vilarinho – Mapeamento: Jornal Norte Livre – Imagem: Google Earth

Área mencionada pela PBH no Bairro São João Batista – Mapeamento: Jornal Norte Livre – Imagem: Google Earth

 

*Fonte: Norte Livre

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