O CBH Rio das Velhas vem a público lamentar a perda de vidas humanas em decorrência das fortes chuvas que atingiram Belo Horizonte e as cidades da região metropolitana. Nos solidarizamos com os familiares das vítimas e com os severos impactos – sociais e ambientais – que vivenciam os municípios da Grande BH.

O número de mortos em decorrência das chuvas em Minas Gerais nos últimos dias até o momento é de 44 e pelo menos 19 pessoas continuam desaparecidas de acordo com a Defesa Civil. Doze pessoas ficaram feridas. Até a manhã de hoje (27 de janeiro) a Defesa Civil contabilizou 3.354 desabrigados e 13.687 desalojados em Minas Gerais. A maior parte das vítimas foi registrada na região metropolitana de Belo Horizonte: foram 13 na capital, seis em Betim, cinco em Ibirité e duas em Contagem.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), o índice pluviométrico registrado entre 9h desta quinta-feira (23 de janeiro) e 9h desta sexta-feira (24 de janeiro) chegou a 178,8 milímetros. É o maior registro na história da capital mineira em um século de medições.

Há muitos anos, o CBH Rio das Velhas debate sobre os impactos da crescente impermeabilização do solo urbano, canalizações de cursos d’água e ocupações desenfreadas de encostas e áreas lindeiras aos rios e córregos.

Acreditamos que a canalização de rios é considerada uma medida antiquada na engenharia moderna. Outros tipos de obras passaram a ser adotadas em grandes cidades como Rio Cheonggyecheon, em Soul na Coreia do Sul e o Rio Sena em Paris, por exemplo onde as águas são respeitadas. Projetos arquitetônicos e urbanísticos que prevejam soluções que privilegiem áreas verdes, permeabilização dos terrenos, caixas de captação, reuso de água, pisos drenantes, dentre outras, são essenciais para mitigar a questão das águas nas cidades. No entanto, a maioria das cidades brasileiras apresentam um atraso na implementação de infraestrutura adequada para suportar a aceleração do crescimento urbano e os efeitos das mudanças no clima.

Acreditamos ser de extrema urgência uma gestão das águas mais eficiente que respeite os cursos d’água e cumpra a taxa de permeabilidade estabelecida por legislação, mas também proponha novos incentivos que levem a melhores práticas em termos da sustentabilidade ambiental. No caso da drenagem urbana é preciso repensar o que vem sendo feito até o momento, visando o uso de novas alternativas, ecologicamente corretas, com o intuito de promover a sustentabilidade urbana, com o mínimo de impacto ao meio ambiente.

Os eventos climáticos tendem a ser mais intensos, com maior volume de chuva concentrada e com maior propensão à geração de danos e impactos. Por isso, o aumento da resiliência em Belo Horizonte e de toda a região metropolitana, por meio da melhoria das condições de infraestruturas, sistemas de alerta e obras de macrodrenagem para redução de inundações, alinhadas com o planejamento urbano, são de extrema urgência para diminuir a vulnerabilidade e melhorar a qualidade de vida.

 

CBH Rio das Velhas

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