Alunos, professores, representantes do poder público, da sociedade civil e dos Subcomitês Carste e Ribeirão da Mata participaram, nesta quarta-feira (7), no município de Confins, do lançamento do álbum de figurinhas do projeto ‘Rede Asas do Carste – Colecionando aves, descobrindo as lagoas’. A publicação é um desdobramento do trabalho de identificação e registro de aves do entorno das lagoas da região cárstica de Lagoa Santa, que envolveu mais de 150 alunos de nove escolas dos municípios vizinhos, entre 2015 e 2018.
Durante o evento desta quarta, foi relembrado todo esse processo – que intercalou visitas de campo e atividades em sala de aula – e apresentada a metodologia de distribuição dos álbuns nas escolas. Segundo o coordenador do Subcomitê Carste, Gefferson Silva, o objetivo é que a publicação seja uma nova forma de incentivo à multiplicação da proposta pedagógica de envolver as instituições de ensino com seu ecossistema, fortalecendo noções de pertencimento. “O álbum é um instrumento pedagógico que propõe várias atividades como forma de dar suporte à escola. Mais do que o Asas do Carste, o álbum é da escola, dos alunos participantes, afinal as imagens são deles. A missão agora é dar sequência a esse trabalho para, quem sabe, fazermos um anexo do álbum com outras espécies”, explicou.
Com imagens de 104 aves, a publicação apresenta ainda o nome científico e popular, em qual lagoa foi encontrada, o nome dos alunos que a fotografaram, a família e ordem da ave, uma breve descrição do pássaro, o seu estado de conservação e um QR Code (Quick Response Code) que direciona para um site, com mais informações. “Tudo isso é para aprendermos a olhar em volta, não olhar lá pra longe, pra Europa, pro rio da Europa. Mas, sim, perceber o patrimônio que temos aqui, e nós estamos falando de uma região que tem um patrimônio gigantesco em termos de antropologia, de arqueologia, aquíferos, enfim, uma paisagem linda”, destacou Procópio de Castro, representante dos Subcomitês e do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas).
Coordenador do Subcomitê Carste, Gefferson Silva (à esquerda). Conselheiro dos Subcomitês Carste e Ribeirão da Mata e do CBH Rio das Velhas, Procópio de Castro (à direita). Álbum de figurinhas (abaixo). Crédito: Fernando Piancastelli
Patrícia Silva, de 15 anos, da cidade de Prudente de Morais, é uma das alunas que participou ativamente do projeto. Orgulhosa com o produto que materializou todo esses anos de trabalho, ela também disse acreditar que o projeto a ajudou a enxergar de um novo jeito o seu entorno. “Eu aprendi que nossas riquezas não tão só lá fora, que não precisamos ir ao zoológico para ver os animais, pois eles estão aqui. Lá em Prudente [de Morais] mesmo eu nunca tinha ido à lagoa [do Cercado]. Aprendi também que o projeto não é só procurar passarinho, mas ver que a natureza tem muita a nos oferecer”, disse.
A escolha por aves aquáticas teve por base sua relação com as lagoas e o seu sistema hídrico, possibilitando entendê-las como bioindicadores de qualidade das águas e do ecossistema da região. As lagoas contempladas no Rede Asas do Carste são a Lagoa do Fluminense (Matozinhos), a Lagoa do Cercado (Prudente de Morais), a Lagoa Central (Lagoa Santa), a Lagoa de Fora (Funilândia), a Lagoa Vargem Bonita (Confins), a Lagoa Santo Antônio e a Lagoa do Sumidouro (Pedro Leopoldo). Algumas dessas são temporárias, com ciclos irregulares de cheias e secas, como a Lagoa do Sumidouro e a Vargem Bonita, e outras são perenes, como a Lagoa Central e a Lagoa Santo Antônio.
Para melhor aplicabilidade do álbum nas escolas, será realizado ainda um seminário, no início do ano que vem, para apresentar a ferramenta aos representantes das instituições, a forma de distribuição e o suporte que será oferecido. “A ideia é não parar por aqui. É pegar esse álbum, propor formas de colagem das figurinhas, mas já pensar no futuro: como podemos replicar e dar continuidade ao projeto? Como envolver os novos alunos que virão? A bola agora está com vocês [escolas]”, convocou a mobilizadora do CBH Rio das Velhas, Derza Nogueira.
“Aprendi também que o projeto não é só procurar passarinho, mas ver que a natureza tem muita a nos oferecer”, Patrícia Silva, aluna de uma das escolas contemplados pelo projeto (à esquerda). Derza Nogueira, mobilizadora do CBH Rio das Velhas (à direita). Crédito: Fernando Piancastelli
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O território
A Unidade Territorial Estratégica (UTE) Carste localiza-se no Médio Rio das Velhas. Composta pelos municípios de Confins, Funilândia, Lagoa Santa, Matozinhos, Pedro Leopoldo e Prudente de Morais, ocupa uma área de 627,02 km² e detém uma população de 91.990 habitantes.
Carste é um tipo de relevo formado pelo efeito corrosivo da água sobre rochas como o calcário. Uma área muito frágil, caracterizada pela presença de grutas e águas subterrâneas. Os principais rios da Unidade são os córregos do Jaque e Bebedouro, Córrego Samambaia e Córrego da Jaguara.
Já a UTE Ribeirão da Mata, também localizada no Médio Alto Rio das Velhas, além de Confins, Lagoa Santa, Matozinhos e Pedro Leopoldo, inclui os municípios de Capim Branco, Esmeraldas, Ribeirão das Neves, Santa Luzia, São José da Lapa e Vespasiano. A UTE ocupa uma área de 786,84 km², detém uma população de 500.743 habitantes, e tem como rio principal o Ribeirão da Mata, com 80,44 km de comprimento.
Mais informações:
Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas
comunicacao@cbhvelhas.org.br
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