O município de Curvelo, localizado na região Central do Estado, desde 2011 conta com uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) que atende 92% da população, segundo dados da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais). A estação, conforme análises promovidas sobre o efluente que é gerado e despejado no Córrego Santo Antônio, opera dentro dos padrões estabelecidos por lei. Ainda assim, o esgotamento sanitário na cidade é motivo de grandes preocupações por parte da população curvelana, tendo em vista em que o córrego atualmente registra vazões significativamente baixas, não conseguindo diluir o que é liberado da ETE.

Antes da construção e operação da estação, praticamente todo o esgoto de Curvelo era lançado de maneira difusa em córregos, grotas e ribeirões, sem nenhum tipo de tratamento. Assim que ganhou a concessão para operação no município, em 2006, a Copasa iniciou as obras de coleta do esgoto e redirecionamento direto para a ETE, concentrando tudo o que antes descia pelo Córrego Santo Antônio em um único ponto. “Esse fato coincidiu com a crise de disponibilidade hídrica que assolou todo o sudeste brasileiro. Por isso, essa é uma discussão que deve envolver toda a sociedade de Curvelo e região: o Córrego Santo Antônio praticamente já não tem vazão e, com isso, não consegue diluir o que é eliminado da ETE – que, cabe destacar, opera dentro dos parâmetros legais”, afirmou o Gerente do Distrito Regional da Copasa, Daniel de Lima Aguiar, que ocupa vaga como suplente do segmento de usuários de água no Subcomitê de Bacia Hidrográfica Santo Antônio-Maquiné (SCBH Santo Antônio-Maquiné).

Nesse cenário, sobretudo no ponto de despejo da ETE e pouco mais à jusante, o Ribeirão Santo Antônio é praticamente apenas efluentes tratados. O caso mexeu tanto com a cidade de Curvelo e região que até uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi instaurada na Câmara Municipal de Vereadores para avaliar a qualidade do serviço que é oferecido pela Copasa e esclarecer o fato à sociedade. O coordenador do SCBH Santo Antônio-Maquiné, Carlos José Brandão, explicou que a entidade foi diligenciada para prestar algumas informações sobre a bacia, no intuito de contribuir para a solução do problema, e que agora espera pelas definições. “Estamos aguardando as conclusões do relatório final para reunirmos os membros do Subcomitê e, a partir daí, tomarmos as nossas decisões, sempre pensando num modelo ideal que atenda às necessidades da sociedade”, disse.

Christian Rodrigues, que é o coordenador do segmento de usuários de água no SCBH Santo Antônio-Maquiné, representando a Copasa, destacou que a companhia prestou os esclarecimentos devidos e ofereceu toda a documentação solicitada à entidade. “A partir do momento que houve a denúncia, o Subcomitê acompanhou de perto a situação e pôde ver o nosso tratamento, a nossa eficiência, as análises que promovemos”, disse.

collageETE À esquerda, trecho do Córrego Santo Antônio em estado intermitente, no centro da cidade. À direita em cima, após receber os efluentes que vem da ETE (à direita em baixo).

 

Em busca da solução

O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), Marcus Vinícius Polignano, cobrou uma solução conjunta entre todas as partes envolvidas para que Córrego Santo Antônio volte a ter uma vazão expressiva e para que o efluente que seja eliminado da ETE seja o melhor possível. “Temos aí um grande desafio. Evidentemente que a Copasa está tratando o esgoto, mas nós temos um problema sério porque precisamos de água para diluição, e o Córrego Santo Antônio praticamente deixou de existir. Temos aí um empasse técnico que eu acho que não tem como não se resolver. É claro que nós sempre defendemos a retirada de todo o esgoto do [Córrego] Santo Antônio, mas nós também temos que continuar lutando para que o efluente que saia de uma ETE não seja um problema para o rio lá na frente”, disse.

O representante da Copasa na região, Daniel de Lima Aguiar, destacou que a empresa tem continuamente desenvolvido novos processos de clarificação do efluente e também se comprometeu a encontrar uma solução para o problema. “A Copasa assume o compromisso de melhorar cada vez mais o seu efluente tratado, não somente para atender o que a lei determina, mas para contribuir efetivamente na recuperação do Córrego Santo Antônio”, afirmou.

Veja mais fotos da ETE em Curvelo e do Córrego Santo Antônio:

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UTE Santo Antônio-Maquiné

A Unidade Territorial Estratégica (UTE) Santo Antônio-Maquiné localiza-se no Médio Baixo Rio das Velhas e é composta pelos municípios de Curvelo e Inimutaba, numa área de 1.336,82 km². Os principais cursos d’água da região são o Ribeirão Maquiné, com extensão de 90,45 km, Córrego Santo Antônio, com aproximadamente 25 km passando pela cidade de Curvelo, e o Córrego Riacho Fundo.


Mais informações:

Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas
comunicacao@cbhvelhas.org.br

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