Os meses mais críticos de estiagem ainda nem chegaram e a vazão do Rio das Velhas – no ponto de captação da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais), na ETA (Estação de Tratamento de Água) de Bela Fama, onde sai a água para abastecer mais de 50% da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) – já registra níveis preocupantes. De 17 a 23 de julho, por exemplo, a vazão esteve abaixo dos 12m³/s, próxima do chamado Q7,10 – coeficiente adotado como referência para concessão das outorgas e também para definição da situação hídrica.

Confira os dados da Copasa:

Em meio a esse contexto, o Grupo Gestor de Vazão do Alto Rio das Velhas (Convazão) se reuniu, na última sexta-feira (27), para discutir possíveis ações conjuntas que garantam a segurança hídrica da RMBH, bem como níveis satisfatórios de vazão do rio, para que o Velhas possa continuar exercendo suas funções ecossistêmicas, especialmente depois do ponto de captação em Nova Lima. Liderado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), o grupo reúne representantes da Cemig (Companhia Enérgica de Minas Gerais), Copasa, IGAM (Instituto Mineiro de Gestão das Águas) e mineradoras AngloGold Ashanti e Vale.

“Esse alinhamento entre todos é importante por que, dessa época do ano em diante, o Velhas começa a registrar vários casos de eutrofização [proliferação de aguapés em função dos altos níveis de nutrientes na água, ao qual a baixa vazão contribui]. Pouca água não é somente um problema para a Copasa, mas para o rio principalmente”, afirmou o presidente do Comitê, Marcus Vinícius Polignano.

Durante a reunião, o grupo retomou as discussões sobre a flexibilização da outorga da PCH (Pequena Central Hidrelétrica) Rio de Pedras – localizada em Acuruí, no município de Itabirito, cujo controle de exploração pertence à Cemig – de modo a permitir uma regra operativa que reserve água para ser usada nos momentos críticos de escassez. O pedido formal ao IGAM, que já se demonstrou tecnicamente favorável à flexibilização, deverá ser enviado ainda essa semana pela Cemig. “Essa é uma ação emergente porque é sempre importante garantirmos uma reserva para períodos mais críticos, mas a reserva de Rio de Pedras é muito limitada. Hoje, a afluência [o que entra] de Rio de Pedras já está menor que a defluência [o que sai]”, afirmou o superintendente de Meio Ambiente da Copasa e conselheiro do CBH Rio das Velhas, Nelson Guimarães.

A represa da PCH é um dos poucos barramentos de água no chamado Alto Rio das Velhas. O lago, que poderia servir para armazenar água e contribuir para a segurança hídrica da RMBH, especialmente em períodos de estiagem, hoje se encontra em estado avançado de assoreamento e seu espelho d’água não passa de 1 metro de profundidade.

Também em continuidade ao que foi discutido na última reunião, o grupo falou sobre a possibilidade de se desassorear o lago. Em maio deste ano, técnicos da Cemig haviam apresentado um estudo desenvolvido por uma empresa alemã que propõe fazer uma transferência de sedimento por um período de 5 anos. A ideia é se levar para jusante 1,5 milhões de m³ a uma vazão média de 5,2 m³/s. O custo do serviço é de US$ 3,84 por metro cúbico, o que totalizaria mais de US$ 5.750 milhões.

Um novo estudo, desta vez sobre o comportamento dos sedimentos a jusante da represa, será apresentado pela Copasa e Cemig já na próxima reunião do Convazão. “Desassorear Rio Pedras é algo que não podemos fugir. Até porque, se não for feito nada lá, ela irá assorear totalmente e não irá cumprir nenhum papel”, destacou Polignano.

Confira as fotos da reunião:

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Mais informações:

Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas
comunicacao@cbhvelhas.org.br

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