A pouco mais de 25km da sede de Ouro Preto está um dos seus mais antigos distritos: Glaura, também conhecido como Casa Branca. O vilarejo, que respira história e que foi ponto fundamental de passagem dos Bandeirantes pela região, tem o privilégio de ver um Rio das Velhas ainda límpido passar a poucos quilômetros de suas extensões.
O arraial, antiga Freguesia Santo Antônio da Casa Branca do Ouro Preto, surgiu por volta do séc. XVIII, no auge da exploração do ouro, e prosperou como passagem de viajantes e tropeiros que vinham de Vila Rica (Ouro Preto) para a Comarca do Rio das Velhas (Sabará). O chafariz histórico de Dom Rodrigo, construído em 1782 por ordem do então governador e capitão da região, Dom Rodrigo de Menezes, é o símbolo maior deste rico passado do povoado.
Em 1943, a Câmara de Ouro Preto determinou a mudança do nome do vilarejo para Glaura, em homenagem ao poeta Manoel Inácio da Silva Alvarenga (1749/1814), nascido em Ouro Preto. Glaura é um poema de exaltação à rica natureza brasileira, sua flora e fauna, narrada por um pastor no estilo idílico dos árcades.
Povo simples e acolhedor
Cassiano Cruz, comprador, é nascido e criado em Glaura. Atualmente reside em Ouro Preto, mas brinca que não há um final de semana que não passe em sua terra natal. Segundo ele, a hospitalidade das pessoas, o respeito e a simplicidade são as principais características do povoado.
“Glaura pode ser vista como ainda da época dos Bandeirantes. A população, desde o século XVIII, pouco se miscigenou e ainda guarda grandes características daquela época. Podemos ver e escutar histórias das pessoas e de seus parentes como se fosse ontem”, disse.
Sobre o passado, Cassiano lamenta o fato de terem tão poucos documentos e registros que atestam a riqueza histórica do local em sua integralidade. “Nossas histórias e patrimônios foram se perdendo ao longo do tempo. Dentro do distrito tínhamos casas que serviram de abrigo para paradas dos Bandeirantes, inclusive Dom Pedro II, escolas construídas todas em pedras, fazendas e sobrados também com a mesma arquitetura, que hoje se encontram parcialmente ou completamente destruídos”.
Matriz de Santo Antônio
A imponente Matriz de Santo Antônio foi construída entre 1758 a 1764 – data gravada na cruz do frontispício – a mando da Irmandade do Santíssimo Sacramento. A edificação, tombada desde 1962 pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), integra o grupo das grandes matrizes mineiras: estilo jesuítico, retilíneo, imponente, com alto frontão e duas torres sineiras e estrutura de alvenaria de pedra. Internamente, a ornamentação concentra-se nos altares e retábulos, barrocos, da primeira fase, estilo Dom João V.
No último mês, o IPHAN anunciou o repasse de cerca de R$ 1 milhão para obras emergenciais na Matriz, que se encontra interditada há quase um ano e meio em função das suas muitas e profundas rachaduras.
“A Matriz de Santo Antônio conta com uma imensa e intensa admiração da população. Seria uma representatividade tal qual de um filho para uma mãe. Podemos ver bem isso pelo empenho de toda a comunidade para que fossem captados o mais rápido possível recursos para sua reforma”, disse Cassiano, lembrando que os últimos reparos feitos na cobertura da edificação foram feitos fruto de apoio financeiro recolhido de casa em casa por voluntários.
Veja fotos do distrito de Glaura:
Destino para quem foge da cidade
Distante apenas 73km de Belo Horizonte, o charmoso vilarejo é destino turístico ideal para os que buscam lazer, descanso, natureza e aventura. A rica culinária é representada pela goiabada cascão e pelo doce de leite em compota, e a tradição do artesanato também se destaca, feito em azulejo, na palha, na taquara, e em couro de boi, além dos crochês e bordados.
Dentre as tradições centenárias locais se destacam as festividades religiosas, sendo as Festas de Santo Antônio e do Rosário as mais famosas. Ambas contam apresentação do grupo folclórico de Glaura com a Dança das Fitas. Há também as bandas de música de distritos vizinhos que acompanham as procissões e fazem retretas (apresentações) no adro da Igreja.
Em 2012, o Governo Federal chegou a anunciar, dentro de um plano de aviação regional, que construiria um aeroporto no município de Ouro Preto, na região entre Glaura e Cachoeira do Campo. A iniciativa foi objeto de muitas críticas e objeções por parte de ambientalistas e urbanistas, e até hoje não foi para a frente.
UTE Nascentes
A Unidade Territorial Estratégica (UTE) Nascentes localiza-se no Alto Rio das Velhas e possui uma área de 541,58 km², integrada pelos municípios de Itabirito e Ouro Preto. Nesta UTE, o Rio das Velhas tem 55 quilômetros de comprimento, desde suas nascentes, no Parque Natural Municipal Cachoeira das Andorinhas, em Ouro Preto, até a barragem de Rio de Pedras, em Acuruí, distrito de Itabirito. Sua área urbana com maior representatividade é Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto, e seus principais afluentes são: Rio Maracujá, Ribeirão do Funil, Córrego Olaria e Córrego do Andaime.
Mais informações:
Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas
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