Em meio à situação crítica de escassez hídrica declarada pelo IGAM (Instituto Mineiro de Gestão das Águas) para grande parte da bacia, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) promoveu reunião emergencial, nesta terça-feira (24), em Belo Horizonte, com os principais usuários de água no território e representantes do Governo do Estado. O objetivo foi discutir ações e medidas para garantir o máximo aporte de água no rio até o fim da estiagem e o mínimo consumo por parte dos usuários e população nesse período, além de medidas a médio e longo prazo contra a escassez.

Participaram do encontro representantes do IGAM, Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais), SAAE (Serviço Autônomo de Saneamento Básico) de Itabirito, SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) de Sete Lagoas, e mineradoras Vale e Anglogold Ashanti, que possuem barramentos de água na região do Alto Rio das Velhas.

Para atravessar o momento de estiagem, o grupo conta com uma contribuição maior de água do sistema Rio de Peixe da AngloGold Ashanti ao Rio das Velhas, superior a 3m³/s, o que manteria o manancial em níveis mínimos para garantir o abastecimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) e cumprir suas funções ecossistêmicas a jusante. “Eu nunca vi o Velhas numa situação tão crítica como essa não. Realmente a situação chegou numa criticidade fora do normal. Contamos com esse aporte da Anglo e com a colaboração de todos os envolvidos para que possamos atravessar esse período tenso, que promete ser longo, da forma menos sofrível possível”, afirmou o presidente do Comitê, Marcus Vinícius Polignano.

Com redução na quantidade, cai-se também a qualidade das águas no rio, que não consegue diluir da mesma forma os efluentes industrias e das Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs). É essa a realidade que vivencia o SAAE de Sete Lagoas, que retira do Velhas cerca de 40% da água que abastece o município. “A qualidade da água que a gente está captando lá hoje está difícil. O que gasta de produto pra chegar no nível que a gente consegue atender está complicado. Só estamos conseguindo captar água do Velhas hoje para abastecer a cidade porque no início do ano fizemos um trabalho de desassoreamento da área nossa de captação”, destacou Fernando Nogueira, gerente da Estação de Tratamento de Água (ETA) do SAAE de Sete Lagoas.

Uma proposta defendida pelo setor produtivo para atravessar com maior segurança hídrica os períodos de estiagem é a construção de um barramento a montante da RMBH, que pudesse reter e armazenar água durante as chuvas e a liberar aos poucos no período seco. “Eu só consigo enxergar essa solução futura pro Rio das Velhas, porque não adianta: chove dezembro, chove janeiro, a vazão do rio chega a 200 m³/s, e no outro dia já cai para 13 m³/s. Se não trabalharmos com uma política pública que vá fazer uma barragem e beneficiar, assim, a Copasa, Cemig, o rio e trazer vida para quem está a jusante do rio, se não pensarmos dessa forma, nós vamos ter o ribeirão das Velhas, depois o riacho das Velhas, depois o córrego das Velhas”, disse Geraldo Costa, representante da Copasa.

Em reunião com Estado e setor produtivo, Comitê avalia medidas contra restrição. Crédito: Luiz Ribeiro

 

A esse respeito, Polignano lembrou que já existem barramentos de água no território, como o próprio sistema Rio de Peixe, e que há mais de dois anos o Grupo Gestor de Vazão do Alto Rio das Velhas (Convazão) articula com a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) o desassoreamento da represa Rio de Pedras – barramento já constituído em Acuruí, no município de Itabirito.

Em relação à situação crítica de escassez hídrica declarada, que implica em restrição de uso nas 224 outorgas vigentes para captação de água superficial e abrange 43 municípios dos 51 da bacia, representantes do IGAM explicaram como tem se dado o processo de notificação aos usuários e fiscalização por parte dos órgãos responsáveis. “Esses outorgados são notificados que tem que fazer essas reduções e também é feita uma comunicação à fiscalização para que ela acompanhe. Além disso, o monitoramento continua. Se essa situação permanecer, a portaria vai sendo prorrogada enquanto a situação continuar”, afirmou Jeane de Carvalho, da Gerência de Regulação de Usos de Recursos Hídricos do IGAM.

 

 

Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Luiz Ribeiro
*Fotos: Luiz Ribeiro

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