De Acuruí, distrito, a Itabirito, sede. Esse foi o trecho que a equipe da Expedição ‘Rio das Velhas, te quero vivo’, a bordo de seus caiaques, percorreu nessa terça-feira (30 de maio). Desde domingo, a caravana desce o Rio das Velhas da nascente, em Ouro Preto, com a missão de chegar em Santa Luzia no dia 03 de junho. O objetivo do projeto, idealizado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) e Projeto Manuelzão, é conhecer a realidade atual do Alto Rio das Velhas e mobilizar a sociedade para a imprescindível revitalização do rio.

Nessa terça-feira, a equipe de canoístas desceu o Rio Itabirito, maior afluente da margem esquerda do Rio das Velhas na região. Ao todo, foram 12km no corpo hídrico que atravessa o município.

Veja as fotos deste terceiro dia de Expedição:

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Erick Sangiorgi, mobilizador social do Projeto Manuelzão, participou das duas outras expedições promovidas no leito do Rio das Velhas, em 2003 e 2009. Segundo ele, a revitalização do Rio Itabirito não é tarefa difícil. “Mesmo com todo lixo e esgoto que observamos depois de o rio atravessar a cidade, e do assoreio fruto de anos de atividades minerárias, pode-se dizer que é possível a revitalização do rio. Eu acredito nisso”, disse.

Ações desenvolvidas pelo município

Atualmente, 70% do esgoto coletado em Itabirito é devidamente tratado e a meta é chegar a 90% até o final deste ano, segundo informações do SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto). O secretário municipal de Meio Ambiente e coordenador-geral do SCBH Rio Itabirito, Antônio Marcos Generoso, enalteceu as ações que tem sido implantadas no município e que privilegiam uma gestão responsável dos recursos hídricos locais. “De alguns anos para cá tem sido feito um trabalho efetivo de melhoria do rio. Já tiramos 70%, mas ainda temos muito o que fazer. A expedição é simbólica no sentido de apresentar como o rio está melhorando e o que temos ainda a melhorar”, disse.

Recepção aos expedicionários no Parque Ecológico

A Expedição foi encerrada nesta terça-feira no Parque Ecológico de Itabirito, onde desde o início da tarde aconteceram atividades de mobilização social e educação ambiental junto a escolas, órgãos públicos e ONGs locais. Além da exposição de fotos, de amostras de peixes e do repasse de informações gerais sobre a bacia, houve apresentação das bandas da E.M. Manoel Salvador e CEMI (Centro Educacional Municipal de Itabirito), fanfarra da E.M. Laura Queiroz, além da visita de várias outras instituições de ensino do município. Ao final, todos se dirigiram para a passarela do parque que atravessa o Rio Itabirito para receber e cumprimentar os expedicionários.

Eva Gomes é natural de Itabirito e, juntamente com o neto Mateus, de três anos, também esteve presente no Parque Ecológico para conhecer mais sobre a Bacia do Rio das Velhas e recepcionar os expedicionários. Segundo ela, nunca é tarde para aprender mais sobre a região em que se vive. “A gente tem medo do rio secar, de não termos mais água de qualidade. Por isso eu e meu neto viemos aqui hoje, para aprender mais sobre o rio, sobre a importância da preservação”, afirmou.

Amanhã (31 de maio), a Expedição ‘Rio das Velhas, te quero vivo’ parte para Rio Acima.

Demanda maior que a oferta

Não somente os projetos minerários, como também os empreendimentos imobiliários e industriais que se instalam na região consomem muita água, gerando rebaixamento expressivo do lençol freático.

Segundo o Plano Diretor do Rio das Velhas, o balanço hídrico desta fatia da Bacia Hidrográfica é comumente comprometido e, muitas vezes, a demanda fica maior que a disponibilidade, gerando um verdadeiro conflito sobre o uso das águas.

Qualidade das águas do trecho percorrido

O Índice de Qualidade das Águas (IQA) é um indicador utilizado para avaliar a qualidade da água bruta, visando seu uso para o abastecimento público, após tratamento. Os parâmetros utilizados no cálculo do IQA são em sua maioria indicadores de contaminação causada pelo lançamento de esgotos domésticos.

O trecho percorrido é considerado como Classe 2, conforme enquadramento de classe DN COPAM 97, não sendo indicada para irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película. Para o abastecimento humano, recomenda-se também o tratamento convencional da água.

Jornada percorrerá oito municípios

A Expedição ‘Rio das Velhas, te quero vivo’ acontece entre os dias 28 de maio e 04 de junho. A equipe, formada por biólogos, geógrafos, engenheiros e analistas ambientais a bordo de caiaques, passará pelos municípios de Ouro Preto, Itabirito, Rio Acima, Nova Lima, Raposos, Sabará, Santa Luzia e Belo Horizonte. A iniciativa tem o objetivo de demonstrar que a situação da qualidade e quantidade das águas está cada vez mais ameaçada por ações antrópicas, advindas da ocupação desordenada, da mineração e outras atividades que colocam em risco a segurança hídrica da capital, bem como a vitalidade do Rio das Velhas.

O trecho de abrangência da ação está inserido em uma região que é caraterizada por ser uma zona de recarga fluvial fundamental para o abastecimento de Belo Horizonte e abriga significativos aquíferos que contribuem diretamente para a manutenção do ciclo hídrico da região. Junto à Expedição, profissionais da Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG farão coletas e avaliação de parâmetros de qualidade da água em pontos estratégicos do trajeto. O objetivo é elaborar um diagnóstico do Alto da Bacia do Rio das Velhas.

A Expedição ‘Rio das Velhas, te quero vivo’ é uma realização do CBH Rio das Velhas e do Projeto Manuelzão com a parceria da Agência Peixe Vivo, Copasa e apoio das prefeituras municipais de Ouro Preto, Itabirito, Rio Acima, Raposos, Nova Lima, Sabará, Santa Luzia e Belo Horizonte.


Mais informações e fotos em alta resolução:

Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas
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