Após seis dias de jornada rio abaixo, a Expedição ‘Rio das Velhas, te quero vivo’ encerrou, nesse sábado (3 de junho), em Santa Luzia, a navegação que buscou conhecer a realidade atual do Alto Rio das Velhas e mobilizar a sociedade para a sua revitalização. Percorrendo trechos insalubres, como as fozes dos Ribeirões Arrudas e Onça, a caravana denunciou hoje a preocupante situação em que se encontra dois importantes corpos hídricos da Região Metropolitana de Belo Horizonte que desaguam suas ainda poluídas águas no Rio das Velhas.
Os expedicionários percorreram nesse sábado um total de 18km entre Sabará e Santa Luzia. Os cuidados para se evitar uma contaminação ditaram o ritmo dos canoístas nesse sexto dia de Expedição. “Hoje o sentimento foi de tristeza ao remar. Eu, que há poucos dias naveguei em águas límpidas do Rio das Velhas, chorei ao ver o rio assim. Em alguns pontos colocávamos o remo em coisas que eu nem sabia o que era”, contou o expedicionário Rafael Gonçalves.
Os pontos de maior concentração de lixo e esgoto foram as fozes dos Ribeirões Arrudas e Onça. Mesmo dispondo de Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) em ambos os ribeirões, apenas 50% do esgoto da Região Metropolitana de Belo Horizonte tem o tratamento devido.
Mesmo após percorrem um cenário chocante, Rafael acredita que a com força da mobilização de todos os atores sociais da bacia, é possível a revitalização do Rio das Velhas. “Apesar de triste, não podemos deixar de sonhar que podemos reverter isso tudo. Devemos todos nos empenhar, tanto o poder público, sociedade civil e iniciativa privada, e mudar esse quadro”, disse.
Confira as fotos desse último dia de navegação da Expedição:
Educação para a mudança
A chegada em Santa Luzia se deu às 15h, na Ponte Velha. Em parceria com escolas, órgãos públicos e ONGs, os expedicionários foram recebidos com apresentações de teatro, dança e capoeira. Houve também a doação de mudas de espécies nativas.
Maria do Carmo, aposentada, mora em Santa Luzia há quase 30 anos. Juntamente com os três netos e duas filhas, ela também compareceu à recepção aos expedicionários para prestigiar e fortalecer o movimento de revitalização da Bacia do Rio das Velhas. “É um rio de muita importância para a própria história de Santa Luzia. Ele passa no fundo da minha casa, mas, de tanto mau cheiro, a gente não consegue desfrutar dele. É uma pena”, disse.
Mesmo que a realidade atual não seja das mais belas, a aposentada ainda tem esperanças de mudança. “Muito importante a passagem da Expedição por Santa Luzia por que conscientiza os cidadãos, mostra a importância do rio para todos nós. Por isso eu trouxe meus filhos e netos aqui, para também aprenderem. É um sonho meu poder nadar com eles no rio”, conclui.
Amanhã (4 de junho), a Expedição ‘Rio das Velhas, te quero vivo’ será oficialmente encerrada na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, durante o evento ‘Águas Gerais’. Vários coletivos ambientais, ONGs e movimentos que atuam e se preocupam com a questão socioambiental estarão presentes. Ao final, um cortejo com todos os participantes descerá a Avenida João Pinheiro, em direção ao Parque Municipal.
Qualidade das águas do trecho percorrido
O Índice de Qualidade das Águas (IQA) é um indicador utilizado para avaliar a qualidade da água bruta, visando seu uso para o abastecimento público, após tratamento. Os parâmetros utilizados no cálculo do IQA são em sua maioria indicadores de contaminação causada pelo lançamento de esgotos domésticos.
O trecho percorrido é considerado como Classe 3, conforme enquadramento de classe DN COPAM 97, não sendo indicada para irrigação de hortaliças e plantas frutíferas, aquicultura e atividade de pesca, e recreação de contato primário, como natação, esqui aquático e mergulho. Para o abastecimento humano, recomenda-se também o tratamento convencional ou avançado da água.
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Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas
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