De toda a Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, a UTE (Unidade Territorial Estratégica) Águas da Moeda cumpre um papel ímpar e fundamental. Isso porque abriga um número significativo de unidades de conservação, é região de recarga e berço de inúmeras nascentes elementares ao abastecimento público de toda a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Tudo isso em meio a disputas territoriais históricas com a mineração e loteamentos.

Nesse contexto, uma entidade – integrante do Subcomitê Águas da Moeda – se destaca na defesa por um ambiente equilibrado e que integre de forma harmoniosa o homem ao meio. Trata-se do Instituto Cresce – Centro de Referência em Educação, Sustentabilidade e Cultura do Espinhaço, que, desde 2007, desenvolve ações socioeducativas e ambientais nas micros-bacias do Rio do Peixe e Ribeirão Macacos, onde tem uma sede no bairro Vale do Sol, em Nova Lima.

“No modo de viver urbano contemporâneo há consumo exagerado, grande produção de lixo, aumento considerável de descartáveis e extrema dependência do petróleo, criando um contexto de separação do homem com os processos naturais. É preciso sensibilidade às pessoas para perceberem que as relações entre os elementos da natureza – água, ar, fogo, terra – são interdependentes. Entender o ambiente e interpretar a paisagem vai além do que se vê. Desejamos que as pessoas tenham mais contato com a natureza e desenvolvam um olhar atento sobre ela”, explicou a Coordenadora de Projetos do Instituto Cresce, Júnia Borges.

Ao lado dela, Camila Alterthum – além de outros quatro colaboradores – lidera o desenvolvimento das atividades da entidade, focadas no incentivo ao plantio de árvores e valorização da vegetação nativa, expedições para reconhecimento do território, valorização da cultura do brincar e do bom uso de espaços públicos, formação ambiental para crianças jovens e adultos, incentivo aos quintais produtivos, adoção de árvores e praças e programas de gestão de resíduos.

Conselheira do Subcomitê Águas da Moeda, Alterthum contou sobre os desafios do instituto, não somente na atuação junto ao seu público preferencial, comunidade e escolas da região, como também nos diversos fóruns de controle social que atuam. “Há certa dificuldade para o fomento de ações com os objetivos que temos e, principalmente, na atuação em fóruns de controle social, uma vez que a sociedade civil participa de forma voluntária, ao passo que a iniciativa privada e o poder público participam de maneira remunerada, desequilibrando a atuação e o tempo de dedicação possível. Assim, a diversificação da captação de recursos para manutenção das atividades é fundamental. Estamos trabalhando em diversas frentes para que isso aconteça”, disse.

Júnia Borges (à esquerda) e Camila Alterthum (à direita) coordenam as ações do Instituto Cresce e participam do Subcomitê Águas da Moeda. Abaixo, a Estação Ecológica de Fechos, onde o CBH Rio das Velhas desenvolve atualmente dois projetos hidroambientais. Crédito; Bianca Aun e Fernando Piancastelli

O Instituto e o Subcomitê

O Instituto Cresce é uma das sete entidades da sociedade civil, dentre titulares e suplentes, que compõem o Subcomitê Águas da Moeda, vinculado ao Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas). É nesse espaço em que o Cresce realiza de forma mais efetiva sua defesa e argumentação em favor das águas. “É lá que são reivindicados e discutidos assuntos ambientais de interesse da sociedade na porção da bacia do Rio das Velhas das Serras da Moeda e Calçada, Estação Ecológica de Fechos e Parque da Serra do Rola Moça. Através deste trabalho temos melhor conhecimento das questões debatidas no território, o que favorece nossa atuação contextualizada, tanto na educação quanto na defesa ambiental”, destacou Borges.

Em razão da importância estratégica da região, o CBH Rio das Velhas e o Subcomitê Águas da Moeda, com apoio da Agência Peixe Vivo, iniciaram este ano a execução de dois projetos hidroambientais na UTE, ambas na Estação Ecológica de Fechos. O primeiro prevê a realização de ações de comunicação e mobilização social e comunitária visando cumprir dois objetivos principais: sensibilizar a opinião pública em torno da importância hídrica da unidade de conservação e fomentar um debate sobre a sua expansão. Já o segundo projeto prevê a elaboração de diagnóstico hidroambiental para caracterizar, cadastrar e propor ações de conservação e recuperação das nascentes, focos erosivos e áreas degradadas nas microbacias dos córregos de Fechos, Tamanduá e Marumbé, na área de influência hídrica da unidade. “Trata-se de uma grande conquista para revitalização e valorização do patrimônio ambiental desta área. São avanços importantes para a nossa região que tem vocação para produção de água, serviço ambiental fundamental para nossa vida”, frisou Alterthum.

As ações do Cresce

O projeto “Árvore&Ser” nasceu com o intuito de desenvolver uma educação para a sustentabilidade em que o cuidado com a terra, o plantio e o zelo com o patrimônio ambiental da região fosse trabalhado desde a infância como um sentido de pertencimento ao lugar. Para tal, o Instituto firmou parcerias com escolas e instituições culturais e promove visitas à parques e reservas, atividades com hortas e compostagens, plantios e cuidados com as árvores nativas, leituras e atividades artísticas, nos ajudam a aproximar uns dos outros e do meio onde vivemos.

As “Ilhas Verdes” são pequenos espaços públicos residuais nas esquinas do bairro Vale do Sol, onde se dão a implantação de espaços livres de impermeabilização para plantio, convívio e ordenamento do trânsito, já que funcionam como rotatórias e canteiros, que tornam o espaço mais atrativo para o uso público, para a beleza da paisagem e absolutamente interessantes para favorecer a recarga hídrica. Através dos mutirões, acontecem encontros especiais quando podem conhecer mais vizinhos, trocar ideias, delimitar a praça, tomar um café da manhã e plantar sementes que serão utilizadas na praça assim que caírem as primeiras chuvas.

Por meio de mutirões, “ilhas verdes” são construídas nas esquinas do bairro Vale do Sol como forma de convívio, ordenamento do trânsito e paisagismo. Crédito: Divulgação

Incentivando os quintais produtivos do bairro, o “Mãos à Horta!” promove a troca de experiências e conhecimentos sobre temas relacionados as riquezas que vem da terra. Temas como os benefícios de alimentos saudáveis e sem agrotóxicos, experiências de agricultura urbana, ervas medicinais, produção de xaropes fototerápicos, hortas, sistemas agroflorestais, jardinagem, compostagem, agricultura como forma de atividade econômica alternativa, entre outros, são tratados nos encontros.

Aqueles restos de folhas, talos, sementes que desprezamos na cozinha, viram adubo nas duas composteiras mantidas pelo projeto “Baldinho Leva e Traz”. São produzidos continuamente adubo orgânico na sede do Cresce e da Associação de Moradores do Vale do Sol. Qualquer pessoa pode participar usando um baldinho e levando seus resíduos orgânicos para um dos pontos de coleta. Quando o adubo estiver pronto, pode usar o mesmo balde para levar este produto de qualidade para alimentar suas plantas e vasos.

Com intuito de fortalecer as atividades em “Núcleos Produtivos”, o Instituto Cresce intensifica ações fixando atividades permanentes mensais em quatro instituições: Associação de Moradores do Vale do Sol, Escola Ninho, Escola Municipal César Rodrigues e na sede. Nas duas escolas, foi revitalizada a horta e implantado um sistema de compostagem abastecido e mantido por funcionários e pais voluntários. Na associação do bairro, a horta é manejada pela equipe do Cresce e pelos participantes do Programa de Saúde da Família em atividades semanais as segundas feiras. Todos os núcleos foram implantados e são mantidos através do Sistema SAF (Sistema Agroflorestal).

“Adote o Verde” é uma campanha de mobilização da vizinhança pelo plantio e cuidado com os espaços públicos. Aqueles que aderem recebem mudas e apoio para o seu plantio, nas calçadas de suas casas. O adotante deverá cuidar da árvore plantada, mantendo o entorno limpo e fornecendo água e os insumos necessários à sua sobrevivência e saúde.

O programa “Eu Resíduo” visa incentivar a adoção dos 4Rs- repensar, reduzir, reutilizar e reciclar. Em parceria com o Instituto Educacional e Cultural Ouro Verde, desenvolve uma proposta de gestão de resíduos de todo o lixo que é produzido no ambiente escolar.

Com objetivo de incentivar as brincadeiras de quintal e o brincar ao ar livre, o Cresce abre seu quintal para quem quiser desfrutar do espaço promovendo a “Sexta Boa!”. As brincadeiras livres, jogos, contação de história, conversas, capoeira, horta aberta entre outras vivências acontecem nas tardes de sexta feira na sede cultural.

Confira as fotos do Instituto Cresce:

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O território

A UTE Águas da Moeda está localizada no Alto Rio das Velhas e é composta pelos municípios de Itabirito, Nova Lima, Raposos, Rio Acima e Sabará. A unidade possui uma área de 544,32 km² e sua população chega a 89, 5 mil habitantes. Os rios principais da UTE Águas da Moeda são: Rio do Peixe, Ribeirão dos Marinhos, Ribeirão Congonhas, Córrego Padre Domingos e Córrego Água Limpa, com extensão de 42,36 Km dentro da área delimitada para a Unidade Territorial.


Mais informações:

Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas
comunicacao@cbhvelhas.org.br

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