Em Sete Lagoas, a união de 11 famílias da comunidade rural do Sapé, localizada às margens do Córrego do Machado, impediu que os efluentes de um empreendimento imobiliário que se instala na região fossem despejados no manancial.

O empreendimento, de 360m², divide 101 lotes e deve abrigar aproximadamente 500 pessoas. Os efluentes virão da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do condomínio que, a princípio, foram planejados para ser despejados no Córrego do Machado e percorrer toda uma área que abastece propriedades rurais, sendo utilizada na dessedentação de animais, irrigação de plantações e uso doméstico – em alguns casos até consumo humano.

Mas foi a partir de intensa participação e pressão da comunidade que o cenário mudou. “O ponto máximo dessa mobilização foi a Audiência Pública que conseguimos viabilizar para discutir o caso. Nesse encontro, o próprio empreendedor recuou e se comprometeu a redirecionar os efluentes a ponto mais distante”, afirmou Ângelo Pacelli, aposentado e morador da comunidade do Sapé.

Assista a audiência pública que debateu o lançamento de efluentes do empreendimento da Village da Serra Participação LTDA no Córrego do Machado:

 

A mobilização dos moradores contra o lançamento dos efluentes da ETE do empreendimento vizinho no Córrego do Machado começou quando a comunidade percebeu que o emissário de efluentes havia sido direcionado para o manancial – segundo Pacelli, até então os moradores locais não haviam sido consultados e ouvidos pela empresa. Ele acionou, então, várias entidades que atuam em favor da causa ambiental para denunciar o fato, mas foi a partir do momento em que contatou o Projeto Manuelzão que a luta ganhou um parceiro importante. “O Manuelzão me apresentou o Comitê de Bacia Hidrográfica Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) e o Subcomitê Ribeirão Jequitibá. A partir daí o caso passou a ser acompanhado também por estas entidades [Pacelli chegou a denunciar o fato na Reunião Plenária do CBH Rio das Velhas, em abril, e o próprio presidente da entidade, Marcos Vinícius Polignano, acompanhou a Audiência Pública em Sete Lagoas]. Tudo deu tão certo que hoje eu sou um conselheiro do SCBH Ribeirão Jequitibá”, disse.

Agricultura familiar preservada

Maria Helena Rodrigues também é moradora da comunidade de Sapé e utiliza da água do Córrego do Machado para regar a horta que lhe dá o sustento. Ela e seus dois filhos plantam hortaliças – como couve, almeirão, alface, cebolinha e rúcula – que são revendidas na região. Segundo ela, caso os efluentes fossem despejados no trecho onde inicialmente o empreendedor planejava, ela teria que conseguir um outro ofício. “Não teria como continuar com a minha hortinha, as pessoas iam parar de comprar. Quem ia querer comer folhas regadas com águas assim? Fora o mau cheiro”, disse.

Confira as fotos da região:

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A Unidade Territorial Ribeirão Jequitibá

A Unidade Territorial Estratégica (UTE) Ribeirão Jequitibá localiza-se no Médio Rio das Velhas. Composta pelos municípios de Capim Branco, Funilândia, Jequitibá, Prudente de Morais e Sete Lagoas, ocupa uma área de 624,08 km2 e detém uma população de 145.729 habitantes. Os principais cursos d’água da Unidade são o Ribeirão Paiol, Ribeirão Jequitibá, Córrego Cambaúba, Córrego Saco da Vida e Ribeirão do Matadouro.


Mais informações:

Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas
comunicacao@cbhvelhas.org.br

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