Apesar de se encontrar quase às margens do Rio das Velhas, a comunidade rural de Taquaraçu de Baixo, pertencente ao município de Santa Luzia, na região do Médio Alto Rio das Velhas, já sofreu muito com a falta de água. No entanto, há 25 anos os moradores da comunidade, por meio da Associação Comunitária de Moradores de Taquaraçu de Baixo, encontraram uma solução coletiva e de baixo custo para resolver o problema de abastecimento e de distribuição de água.

Sem serviços públicos de saneamento básico, os moradores da comunidade não tinham água nas torneiras. Os adultos e crianças bebiam água do rio e as famílias cozinhavam com a água que era trazida em baldes. Taquaraçu de Baixo não podia mais esperar que o Estado resolvesse o déficit de acesso à água na comunidade rural.

“A gente não tinha água para tomar banho e nem beber. Quando o rio estava sujo, remexido pelas águas da chuva, a gente ficava com nojo de tomar banho. E para cozinhar era preciso ferver e, às vezes, até mesmo coar a água”, comenta o presidente da Associação de Moradores de Taquaraçu de Baixo, Francisco do Carmo Torres Lima.

Como a comunidade encontra-se distante dos centros urbanos, no lugar de partirem para um sistema centralizado de abastecimento, a visão foi descentralizar para tornar a gestão e sustentação comunitária possível. Os moradores colocaram a mão na massa e mapearam as casas. Em seguida, perfuraram um poço artesiano que é totalmente legalizado pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM). E, com alguns quilômetros de encanamento hidráulico subterrâneo, que foi cavado em mutirões pelos moradores da comunidade, o problema foi resolvido. Cerca de 120 famílias, uma escola e um centro comunitário passaram a receber água potável por meio de um microssistema de gestão comunitária. A solução coletiva de abastecimento é de baixo custo, cada família paga R$ 15 mensais para a manutenção do sistema – energia e materiais de construção – que atende com eficiência à demanda local e que pode ser facilmente replicada em outros vilarejos.

Presidente da Associação de Moradores de Taquaraçu de Baixo, Francisco do Carmo Torres Lima (à esquerda). Sistema de abastecimento comunitário (à direita). Crédito: Fernando Piancastelli

Durante esse processo de construção e aprendizado coletivo, criaram regulamentos de uso próprio. “Cada família pode utilizar 12 mil litros de água por mês. E a água só pode ser utilizada para consumo humano e irrigação de horta caseira”, explica Francisco.

A partir de planejamento e planilhas transparentes discutidas em reuniões mensais o sistema de captação e distribuição de água tirou os moradores de Taquaraçu de Baixo de uma situação crítica. “Todos os moradores sabem exatamente para onde vai o dinheiro de contribuição pela água. Agora esperamos conseguir um empréstimo para poder construir um sistema de energia solar para diminuir o custo da captação e distribuição de água. Atualmente, gastamos somente com energia uma média de R$ 900 por mês”, acrescenta o presidente da Associação Comunitária de Taquaraçu de Baixo.

O engajamento, a participação e o envolvimento dos moradores resolveu o problema de abastecimento da comunidade. “Com esta solução descomplicada resolvemos parte de um problema de complexidade gigantesca provando, mais uma vez, que soluções de grandes problemas residem na simplicidade do projeto. Estamos todos muito satisfeitos e não sofremos mais com a falta de água”, disse Francisco.

Confira mais fotos:

<a href="https://flic.kr/s/aHsmqWFhS5" target="_blank">Click to View</a>

A UTE

A comunidade de Taquaraçu de Baixo pertence à Unidade Territorial Estratégica (UTE) Poderoso Vermelho que é composta pelos municípios de Sabará, Santa Luzia e Taquaraçu de Minas. A UTE ocupa uma área de 360,48 km2, com uma população de 229.173 habitantes. Os principais rios da Unidade são o Ribeirão Vermelho, Ribeirão Poderoso, Ribeirão das Bicas e Córrego Santo Antônio.


Mais informações:

Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas
comunicacao@cbhvelhas.org.br

Comentários