Na última terça-feira (22), as condições da água do Rio das Velhas – no ponto de captação que abastece a cidade de Sete Lagoas, na região de Funilândia – estavam a tal ponto poluídas que o SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) local foi obrigado a suspender a retirada, o que deixou 17 bairros do município sujeitos à paralisação temporária no fornecimento de água. De acordo com a autarquia municipal, esta foi a quarta vez em quase dois anos que as águas do Velhas estavam incompatíveis com os níveis de qualidade permitidos, impossibilitando o tratamento adequado.

Diante da suspensão, o SAAE informou que realizou manobras no sistema de distribuição a fim de garantir o abastecimento à população. O supervisor de operação da ETA (Estação de Tratamento de Água), Alexandre Picorelli, destacou o desafio que é para a cidade captar água do Velhas logo depois de passada a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). “O Sistema Rio das Velhas é hoje responsável por abastecer 1/3 de Sete Lagoas, o que representa aproximadamente 70 mil pessoas, uma população significativa. E nós captamos água à jusante das cidades de Belo Horizonte, Sabará e Santa Luzia, do encontro do Rio das Velhas com o Arrudas e outros, com um grau de contaminação muito grande”, disse.

Ainda segundo Picorelli, em todas as ocasiões em que a captação foi impossibilitada, o Ministério Público (MP), o IGAM (Instituto Mineiro de Gestão das Águas) e a SEMAD (Secretária Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável) foram notificados pelo SAAE para tentarem identificar a raiz do problema. “A gente também pede às secretarias de meio ambiente [dos municípios da RMBH] que intensifiquem as fiscalizações, para sabermos se há qualquer tipo de descarte irregular de poluentes no rio”.

Estruturas da ETA – Sistema Rio das Velhas, do SAAE de Sete Lagoas. (Divulgação)

Em meio a esse contexto, ele enalteceu as mais recentes articulações do SAAE com o CBH Rio das Velhas, destacando o papel do Comitê em visibilizar e debater as mais importantes pautas sobre o rio. “O CBH tem voz ativa junto às instituições de governo e consegue inserir Sete Lagoas nessas discussões. Estamos cada vez mais dependentes do Rio das Velhas, daí a importância e urgência de preservá-lo. Do contrário, não somente nós, como o restante da bacia, poderemos viver um quadro de escassez muito em breve”.

Por fim, Picorelli reconheceu que Sete Lagoas também descarta quase 100% do seu esgoto diretamente no Rio das Velhas, mas que essa situação terá fim muito em breve, com a ETE (Estação de Tratamento de Esgotos) hoje em construção. “Vamos pagar essa conta com o rio em um ano e meio, quando a ETE começar a operar”, concluiu.


Mais informações:

Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas
comunicacao@cbhvelhas.org.br

Comentários