Nas últimas duas semanas, a vazão do Rio das Velhas no ponto de captação da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) no Sistema Bela Fama, em Nova Lima – responsável pelo abastecimento de cerca de 60% da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) – registrou níveis críticos. Neste período, por três vezes a vazão esteve abaixo dos 10m³/s.
Com registros nesta ordem, a vazão foi inferior, portanto, ao chamado Q7,10 – coeficiente adotado como referência para concessão das outorgas e também para definição da situação hídrica no Estado, considerando a vazão mínima de sete dias consecutivos com período de recorrência de 10 anos.
De acordo com a Deliberação Normativa n° 49 de 2015 do Conselho Estadual de Recursos Hídricos, estar abaixo do Q7,10 significa entrar em estado de alerta, em que o risco de escassez hídrica, que antecede ao estado de restrição de uso, pode implicar em restrições de uso para captações de águas superficiais e no qual o usuário de recursos hídricos deverá tomar medidas de atenção e se atentar às eventuais alterações do respectivo estado de vazões.
Em reunião do Grupo Gestor de Vazão do Alto Rio das Velhas (Convazão), nesta segunda-feira (16), o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), Marcus Vinícius Polignano, chamou a atenção para a gravidade da situação. “Nosso quadro atual é crítico e as previsões [pluviométricas] para o próximo mês não são animadoras. Além de tudo isso, a Copasa está puxando mais água do Velhas do que o costume por conta da situação do Paraopeba, que se encontra comprometido”, disse ele, lembrando que o desastre da Vale em Brumadinho inviabilizou parte da captação oriunda do rio Paraopeba, tendo previsão de retorno apenas para outubro de 2020.
Liderado pelo CBH Rio das Velhas, o Convazão reúne representantes da Copasa, SAAE (Serviço Autônomo de Saneamento Básico) de Itabirito e IGAM (Instituto Mineiro de Gestão das Águas), além de Cemig e mineradoras Vale e Anglogold Ashanti, que possuem barramentos de água na região do Alto Rio das Velhas, para pensar soluções para a segurança hídrica da RMBH.
Membros do Convazão discutem formas de amenizar as baixas vazões no Rio das Velhas. Crédito: Luiz Ribeiro
A principal manobra articulada pelo Convazão para este período crítico é uma contribuição maior de água do sistema Rio de Peixe da AngloGold Ashanti, que hoje se encontra com 82% da sua capacidade máxima.
Além dos riscos à segurança hídrica da RMBH, Polignano chamou a atenção também para outros impactos que a baixa vazão origina, como a mortandade de peixes e a proliferação de aguapés, principalmente no Médio e Baixo Rio das Velhas. O aguapé funciona como um filtro capaz de retirar as impurezas da água, mas quando não há controle e se forma o efeito ‘tapete’, serve como um indicador de poluição. O fenômeno, conhecido como eutrofização, culmina numa queda abrupta de oxigênio na água e os peixes são os primeiros a serem afetados – daí as mortandades observadas.
O presidente do Comitê afirmou também que irá formalizar um documento alertando o Governo do Estado e o IGAM sobre a gravidade da situação e que nos próximos dias deverá convocar uma coletiva de imprensa a fim de chamar a atenção da população para contribuir na economia de água.
Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Luiz Ribeiro
*Fotos: Luiz Ribeiro
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