O projeto de adequação e implantação de uma rede de monitoramento de águas subterrâneas em áreas com cavidades cársticas, aplicado à área piloto da APA (Área de Preservação Ambiental) Carste de Lagoa Santa, foi apresentado nesta quarta-feira (25) pela professora Leila Nunes Velásquez, do Instituto de Geociências da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), durante a 75ª Reunião Ordinária do Subcomitê da Bacia Hidrográfica (SCBH) Ribeirão da Mata, em Pedro Leopoldo.
De acordo com a pesquisadora, o projeto visa a criação de uma rede definitiva – hidrogeologicamente representativa e economicamente viável – para ser continuada nessa região, peculiar no sentido de possuir muito poucas águas superficiais, uma vez que a água da chuva é rapidamente absorvida pelo solo e se acumula na zona freática. “Aqui, a água possui um regime de fluxo bastante complexo, que precisa de estudos bem mais aprofundados, que é o que a gente está fazendo. O projeto via criar, portanto, uma verdadeira rede de monitoramento que a gente vai deixar para o órgão competente dar sequência – ou não – no futuro”.
Para se chegar a esse objetivo, os trabalhos contam com estudos em geologia, com o mapeamento geológico da região e geoquímico das rochas, sobre a qualidade da água, hidroquímica e de isótopos, e de hidrologia, com ensaios de conexão hidráulica para permitir saber de onde a água vem e para onde ela vai. “A outra etapa do trabalho é conhecer a vulnerabilidade natural do aquífero, saber quais são, aonde estão localizadas espacialmente essas fragilidades e se podem promover maior ou menor poluição às águas subterrâneas – que se tornam superficiais em sequência”, contou a pesquisadora.
O projeto abarca uma área de 520km² que envolve seis municípios: Prudente de Morais, Matozinhos, Pedro Leopoldo, Confins, Lagoa Santa e Jaboticatubas. Em seu estudo, a pesquisadora aponta as zonas especiais de recarga nessa região, como os maciços calcários, as dolinas junto aos maciços e os sumidouros, e a abundância de surgências e ressurgências – característica de recorrência de um afloramento de água.
Velásquez também destacou o uso intensivo de águas subterrâneas na região, em especial para fins agrícolas em Matozinhos, industriais em Vespasiano e para condomínios e abastecimento público em Lagoa Santa. Em meio a esse contexto, os resultados sobre a qualidade das águas do aquífero chegaram a surpreender a pesquisadora, conforme relatou. “A boa notícia é que não encontramos na água nenhum contaminante orgânico. Identificamos algumas coisas de inorgânico e um nitrogênio mais alto perto do Ribeirão da Mata”.
Coordenado e executado pela UFMG, o projeto é financiado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (CECAV), e conta com a parceria executiva do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN) e apoio do Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) e IGAM (Instituto Mineiro de Gestão das Águas).
Confira a apresentação:
Outros assuntos em pauta
Ainda durante a 75ª Reunião Ordinária do SCBH Ribeirão da Mata, falou-se do retorno aos trabalhos da equipe de mobilização do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), da entrega dos projetos de saneamentos aos municípios da Unidade Territorial Estratégica (UTE) Ribeirão da Mata, do parecer de uma perita sobre os emissários de esgoto da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) na Lagoa Santo Antônio, em Pedro Leopoldo, e aprovou-se a ata da 74ª reunião, realizada ainda em 2017.
Confira as fotos da reunião:
O território
A UTE Ribeirão da Mata localiza-se no Médio Rio das Velhas. Composta pelos municípios de Capim Branco, Confins, Esmeraldas, Lagoa Santa, Matozinhos, Pedro Leopoldo, Ribeirão das Neves, Santa Luzia, São José da Lapa e Vespasiano, ocupa uma área de 786,84 km² e detém uma população de 500.743 habitantes.
Mais informações:
Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas
comunicacao@cbhvelhas.org.br
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